quarta-feira, 10 de julho de 2013

Small Bump

    [n/a: Preparem os lencinhos!]

Abro a pequena caixa com as mãos ainda trêmulas. Vejo a bula cair sobre o piso claro do banheiro, a pego enquanto abaixo a calcinha. Meu rosto já está molhado pelas lágrimas, o coração acelerado pelo nervosismo.
    Começo a ler as instruções. Penso em tudo o que aquilo significa. Penso em tudo o que irá mudar em minha vida. Mais lágrimas se formam em meus olhos, dificultando ainda mais a minha leitura. Penso em Joseph. Eu não contara para ele sobre minhas desconfianças. Ele, como bom distraído que é, nem desconfia que minha menstruação está atrasada. Tento imaginar sua reação, falho.
    — Seja forte. — Sussurro para mim mesma. Eu sou minha única amiga agora. Só eu posso fazer isso.
    Termino de ler as instruções e encho o recipiente transparente com minha urina. É nojento, mas não penso nisso, estou concentrada em colocar o teste ali dentro. Olho novamente o tempo de espera: cinco minutos. Rio, irônica. Poderia ter um infarto em cinco minutos.
    Olho o relógio e coloco o palito sobre a bancada da pia. Subo minha calcinha e ajeito a saia, de forma automática. Lavo minhas mãos e junto todas as partes do teste, embalagem, bula, potinho... Corro até a cozinha e pego uma sacola plástica. Olho no relógio novamente, ainda falta 4 minutos. Volto para o banheiro e coloco o que não precisarei mais dentro da sacola.
    Está tudo em silêncio, e eu me incomodo. Desejo que o mundo acabe. Faço uma última oração, peço um milagre.
    Dê negativo, eu suplico em silêncio.
    Olho o relógio novamente e percebo que o ponteiro maior ainda não se moveu. Ouço a minha música favorita tocar ao longe. Sei que é o meu celular, mas não movo um músculo. Poderia ser um dos meus pais e eu não suportaria falar com eles. Como iria dar aquela notícia?
    — Dê negativo. — Peço, tentando controlar a dor em minha garganta. — Dê negativo! — Repito, mais alto e forte.
    Ouço um miado e olho para a porta do banheiro, vejo dois olhos azuis me encararem com curiosidade. Estico meu braço para ele, e assisto seu caminhar lento até mim. Sinto seu pelo macio acariciar as pontas de meus dedos. Ele mia novamente e pula sobre meu colo.
    — A mamãe não quer brincar agora, Tico. — Mamãe. Sinto algo revirar meu estômago ao pensar nessa palavra.
    Continuo acariciando a cabeça do meu gato enquanto meu celular recomeça a tocar. Suspiro, olhando novamente o relógio e percebo que falta menos de um minuto. Uma chama de esperança se acende em meu peito. Talvez minha menstruação atrasar três meses seja normal, afinal, ela nunca foi regulada e eu não tenho outros sintomas. Mas não me apego a isso. Apenas fecho os olhos e tento esquecer por um minuto. Começo a cantar com o celular que toca novamente. Aquela música costumava a me acalmar. Lembro quando ela lançou, minha banda preferida voltando à tona, depois de dois anos em uma pausa mascarada.
    Olho novamente para o relógio, é chegada a hora. Fecho os olhos, desejo ter mais tempo para me preparar. Respiro fundo e tiro Tico do meu colo. Fico em pé, apesar de minhas pernas desejarem que eu não faça isso. Fecho os olhos e peço novamente por um milagre. Juro tomar jeito, faço inúmeras promessas. Tento me lembrar daquela possibilidade feliz enquanto dou dois passos até a pia.
    Pego o teste sem olhar e respiro fundo. Meu celular toca novamente e pondero atender. Seja forte, minha mente ordena. Respiro fundo mais uma, duas, três vezes. Abro os olhos e encaro o teste, duas linhas magentas entram em meu campo de visão.
    Eu sei o que significa, mas procuro pela bula novamente, sentindo minha vista embaçar. Talvez eu tenha lido errado, penso angustiada. Talvez o nervosismo esteja me confundindo.
    Despejo o conteúdo da sacola plástica no chão, assustando Tico, que sai correndo. Sinto-me enjoada, o ar rarefeito. Desejo morrer. Olho as instruções e as jogo longe. Eu estava grávida e nada havia para ser feito.
    Deito no chão gelado do banheiro e deixo as lágrimas lavarem o meu rosto. Fico assim enquanto penso na besteira que fiz. Eu jamais pensei que isso aconteceria comigo, sempre tomei cuidado, sempre. Menos uma vez. Uma única vez há três meses.
    Pensamentos sobre meus pais invadem minha mente. Eles ficariam extremamente desapontados. Eu estou começando minha faculdade, mal decidi que área seguir e agora tenho uma vida dentro de mim. Uma vida que não é a minha, mas que deverei cuidar como se fosse. Mas eu sou apenas uma criança – de 19 anos, mas uma criança.
    Percebo que já está escuro. Sei que falta pouco para meu pai chegar do trabalho. Desejo me teletransportar para outro lugar. O inferno, quem sabe. Fecho as mãos em punhos e esmurro o chão com força, até a dor se tornar insuportável, meus soluços ecoando pela casa vazia.
    Pensamentos fúnebres assombram minha mente. Sinto uma pequena chama se acender quando penso em abortar.
    Acordo de meus devaneios com o apito do telefone. Levanto do chão em um pulo e bato a porta do banheiro com força. Sei que terei de inventar uma boa desculpa se for um dos meus pais, mas tento não pensar nisso por hora.
    Tiro minha roupa e entro no chuveiro, colocando a água no mais quente possível. Deixo que água caia sobre meu corpo, queimando minha pele, mas não me importo.
    Perco a noção do tempo. Termino de me levar rapidamente e me enrolo na toalha. Saio com pressa e piso em algo, que quebra e espeta meu pé. Olho para baixo e vejo o pote do teste, só então lembrando de que deixei tudo espalhado no chão. Junto tudo na sacola plástica novamente, incluindo agora o palito do teste, amarro firme e coloco no lixo. Questiono-me se devo deixá-lo ali, mas me vejo sem escolha.
    Saio do banheiro e vou até meu guarda roupa. Pego a primeira combinação de roupas que encontro e as visto, sem prestar muita atenção. Minha cabeça está longe. Saber não é suficiente, eu precisava dar a notícia a Joe e meus pais. Não sei do que sinto mais medo.
    Sento-me na cama e olho para meu celular, adormecido sobre o criado mudo. Tento segurá-lo em minhas mãos e digitar sem pensar muito nisso, minha visão embaçando novamente. Encaro a minha mensagem e percebo que está errada. Não posso mandar uma notícia dessas por um simples sms. Preciso ligar para ele.
    Antes de ligar, verifico de quem são as chamadas perdidas: Joseph. Um suspiro de alívio escapa dos meus lábios e me permito até um pequeno e rápido sorriso. Sem pensar duas vezes, aperto chamar.
    — Olá, raio de sol. Estava dormindo? — Ele pergunta ao atender, apenas dois toques depois. Percebo que está animado e pondero desistir.
    — Joe... — Tento, mas não consigo falar. Meus olhos transbordam e uma mão invisível aperta meu coração.
    — Demetria, está tudo bem? — Ele pergunta, mudando totalmente sua voz. Preocupado desta vez.
    — Você pode me buscar aqui? — Sussurro. Minha garganta arranha e o choro tira meu fôlego.
    — Claro! Eu já estou saindo. — Ele diz, sei que não está mentindo quando escuto o barulho de suas chaves.
    — Venha rápido, por favor. — Eu peço para o telefone mudo.
    Desligo o aparelho e o escondo sob meu travesseiro. Passo a mão por meus cabelos, lembrando que não os penteei, mas novamente não me importo. O quarto já está tomado pela escuridão, por isso tenho dificuldades de encontrar minha carteira dentro de minha bolsa, então apenas retiro o livro que havia nela e a coloco sobre o ombro.
    Desço as escadas com pressa, quase tropeçando em Tico, que dorme sossegado em um dos degraus, e corro até a enorme porta de madeira. Pego minhas chaves sobre o balcão ao lado da mesma, antes de puxá-la com força. Fecho-a com um estrondo oco e giro a chave na fechadura. Verifico o relógio quando sinto o vento frio bater em minha pele descoberta pela regata que usava. Penso em pegar um casaco, mas desisto ao ver um carro passar. Penso que é meu pai, mas não é.
    Abraço meu corpo e caminho até o final do gramado. O vento frio machuca a minha pele e sinto meus dedos congelarem. Tenho medo de encontrar meus pais, então caminho lentamente até o final da rua. Sei que Joe irá demorar uma hora, então me sento na calçada e abraço minhas pernas, tentando mantê-las aquecidas. Meus olhos ardem por causa do choro, as pálpebras estão pesadas.

You're just a small bump unborn,
Você é apenas uma pequena saliência, ainda não nasceu,
In four months you're brought to life.
Em quatro meses será trazido à vida.
You might be left with my hair,
Você pode ter o meu cabelo,
But you'll have your mother's eyes.
Mas seus olhos serão os de sua mãe.

    Ouço meu nome e abro os olhos. O mustang preto de meu namorado está parado do outro lado da rua. Joe sai do mesmo e corre até mim, me puxando para um abraço aquecido.
    — Você está congelando. — Preocupa-se e eu me encolho em seus braços.
    Ele beija o topo de minha cabeça e eu lembro o motivo de tê-lo chamado. Solto-me de seus braços e corro até o carro, dou a volta e abro a porta do passageiro, sem esperar por ele. Coloco o cinto enquanto ele se acomoda no banco do motorista e me encara, as sobrancelhas arqueadas.
    — Apenas me leve daqui. — Peço, sem olhá-lo.
    Ele entende e logo arranca com o carro. Apoio a cabeça no vidro da porta e fecho os olhos, tentando conter as lágrimas, em vão.
    Sinto sua mão pousar sobre minha coxa, seu polegar acariciando minha pele descoberta. Desejo que ele brigue comigo. Desejo que ele comece a gritar e pedir que eu desembuche de uma vez. Mas sei que não fará isso. Ele irá esperar eu estar pronta para falar e, até que isso aconteça, ficará próximo apenas o suficiente. Não falará nada, mas me abraçará se eu quiser. Sempre o amei por isso, mas agora queria que ele me odiasse.
    O carro está aquecido e sinto meus músculos relaxarem. O caminho de volta à Cambridge é longo, então tento pensar na melhor forma de falar com ele. Decido esperar chegarmos ao alojamento, sei o quanto ele odeia trânsito e pegaríamos bastante. Não quero que fique mais aborrecido.
    Chegamos ao alojamento da Universidade e eu desço do carro em silêncio. Ele me guia calmamente por entre os demais alunos, até chegarmos ao seu quarto. Sento-me em sua cama e ele se senta ao meu lado. Concentro-me nas rachaduras na pintura de seu quarto, e então nos cadernos esparramados sobre a mesa. Analiso pela milésima vez os pôsteres nas paredes.
    — Eu tenho que contar uma coisa. — Falo baixo, com a voz rouca por causa do choro.
    — Pode contar. — Diz, percebo que sussurra. Ele acaricia meu cabelo, tentando domar algumas mechas rebeldes, e aproxima seu rosto de mim. Sinto sua respiração quente bater em meu ombro.
    — Lembra aquela vez que transamos sem camisinha? — Pergunto baixo, e percebo que ele segura a respiração.
    — Sim... — Ele responde depois de algum tempo. Sei que já sabe o que estar por vir.
    — Eu fiz o teste hoje. — Simplesmente falo. Prendo minha respiração também e fecho os olhos com força. Espero um grito. Desejo um grito.
    Mas ele apenas levanta e caminha até a janela fechada. Sinto o choro recomeçar e me sinto a pior pessoa do mundo. Desejo sumir. Como eu me atrevia a vir até aqui e destruir todos os seus sonhos? Como eu pude deixar que isso acontecesse?
    Dobro minhas pernas para cima da cama e as abraço, apoiando minha cabeça sobre meus joelhos. Choro mais uma vez. Eu sempre quis ser mãe, sempre. Mas toda vez que imaginava isso, não era aos dezenove anos. Com certeza não.
    Sinto suas mãos puxarem as minhas e levanto a cabeça. Encaro seus olhos pela primeira vez na noite. Percebo que estão avermelhados, mas ele sorri. Fraco, mas sorri.
    — Eu estou aqui, está bem? — Ele diz, acariciando minhas mãos. — Você não está sozinha. Nós vamos contornar isso. — Ele afirma.
    — Eu não... — Começo, mas não consigo. Ele me odiaria. Continuo encarando seus olhos, até que ele pisca lentamente e olha para baixo.
    — Você não está pensando em tirar, está? — Pergunta sem me encarar.
    — Não. — Minto, mas ele percebe, pois aperta minha mão. — Eu só pensei que seria mais fácil. — Justifico, sentindo meus olhos se enxerem novamente. Ele solta minhas mãos e se levanta, passando as mãos pelos cabelos nervosamente. — Eu estou com tanto medo. — Confesso, cruzando as pernas sobre a cama e escondendo meu rosto em minhas mãos.
    — Eu também estou. E como estou! — Ele fala, se sentando no chão, a minha frente. — Mas esqueça essa ideia, está bem? — Ele pede e eu me limito a menear a cabeça. — Nós vamos encontrar uma forma, mas primeiro precisamos contar para nossos pais. — Ouço-o suspirar pesadamente e percebo o quanto estou sendo egoísta.
    Desço da cama e me sento em seu colo, colocando minha cabeça em seu ombro e abraçando-o fortemente. Ele nos balança para frente e para trás e sinto algumas lágrimas molharem meu ombro. Permanecemos assim por muitos minutos. Desejo conhecer seus pensamentos, pois me sinto sozinha em minha mente, me sinto perdida.
    — O que você acha que vai acontecer agora? — Pergunto baixo. Não choro mais e sei que ele também não. Ele parou muito antes de mim.
    — Eu não sei. — Responde simplesmente. — Gostaria de saber.
    Acordo com o barulho de vozes e percebo que ainda estou no quarto de Joe. Estou em sua cama e o barulho vem de fora. Do outro lado do quarto, Stuart – o colega de quarto de Joe – ronca. Já está de dia, mas não é tarde. Procuro por Joe com o olhar e julgo que ele esteja no banheiro. Permaneço deitada enquanto espero por ele. Recordo o dia anterior, mas não tenho forças para chorar. Apenas penso.
    E rezo.
    Ouço a porta ser aberta e percebo que estava quase pegando no sono. Joe entra, segurando algumas sacolas e um suporte para café. Coloca suas chaves sobre a escrivaninha e só então percebe que estou acordada. Dá um meio sorriso e coloca suas compras ao lado do chaveiro, permanecendo apenas com os cafés em mãos.
    — Bom dia. — Diz, e caminha até mim. — Expresso descafeinado com leite desnatado. — Ele lê no copo e faz uma careta. — Isso deve ser horrível, ainda bem que não é para mim. — Eu sorrio por um breve segundo, assistindo-o tirar outro copo do suporte. — Expresso com leite. — Ele lê, me entregando o copo em seguida. — E agora sim, o delicioso café puro. — Ele sorri pegando o seu copo e colocando o suporte com o copo de Stuart no criado mudo. — Que tal um brinde? — Ele pergunta e eu solto um riso de escárnio.
    — À nossa desgraça? — Sugiro, arqueando uma sobrancelha. Ele nega com a cabeça e sorri de lado. Bate seu copo no meu em silêncio e o leva até a boca. Imito.
    — Sua mãe ligou, disse que não conseguia falar com você porque seu celular estava desligado. — Ele fala com tranquilidade, enquanto se deita ao meu lado. Sua cama de solteiro é pequena demais para nós, mas eu não me importo. Solto um muxoxo desanimado. Não queria que meus pais dessem por minha falta, mas não sei como isso poderia ser possível. É óbvio que eles notariam que a sua única filha não está em casa. — Eu disse que você precisava de ajuda com algumas coisas da faculdade e ficou tão cansada que dormiu aqui. — Ele completa, finalmente.
    Balanço a cabeça e bebo mais um pouco do meu café com leite.
    — Como está se sentindo? — Pergunta, colocando seu copo, agora vazio, de lado e deitando na cama mais confortavelmente.
    — Péssima. — respondo e coloco meu copo ao lado do dele. — E você?
    — Não sei. — Responde. — Eu estava pensando em algumas coisas. — Diz e eu espero que continue. — Você disse que está com três meses, certo? — Ele pergunta e eu concordo. — Você acha que pode frequentar a faculdade até quando? Começo do oitavo mês? — Pergunta novamente e eu repito o gesto. — O que acontecerá em cinco meses, exatamente no começo de julho, em nossas férias de verão. E então você terá o bebê no final de agosto. Acha que em um mês consegue se recuperar, para voltar às aulas em outubro? — Eu faço que sim com a cabeça, mas não penso sobre o que disse. Não consigo pensar em coisas assim. — Com o dinheiro do estágio eu dou conta de pagar as despesas. Vou ficar um pouco apertado, mas posso usar um pouco das minhas economias. E no verão posso conseguir um emprego temporário – com certeza alguém irá me contratar, já que estarei quase me formando – e então guardar mais dinheiro. Eu posso ficar na casa do meu primo, em Londres. Poderei ver você todos os dias. Serão nossas primeiras férias juntos.
    Desejo poder ser tão positiva e pensar tão claramente como ele. Eu sei há mais tempo do que ele, e ainda não saí do estágio de autopiedade e sofrimento. Já ele, aparenta ter passado por estes estágios e mais o de aceitação. Agora está em resolução. Agradeço por tê-lo ao meu lado. Fico feliz de ter aceitado o convite dele para tomar um café, pouco mais de um ano atrás, pouco depois de entrar em Cambridge. Em pensar que eu queria ir para Oxford e só vim para cá porque meus pais pediram.
    Esse pensamento me faz sorrir levemente e Joe percebe.
    — O que está passando por essa cabecinha? — Ele pergunta sorrindo.
    — Como vamos dar a notícia aos meus pais? — Pergunto, ignorando sua pergunta.
    — Da única forma que há. Vamos lá hoje e conversamos com eles. — Ele diz, seguro de si. Concordo, mas desejo que houvesse outra forma. — Não fique assim, tudo dará certo.

I'll hold your body in my hands,
Vou segurar seu corpo em minhas mãos,
Be as gentle as I can.
Serei o mais gentil que puder.
But for now you're a scan of my unmade plans.
Mas, por enquanto, você é uma imagem do que eu não planejei.
A small bump in four months
Uma pequena saliência, em quatro meses,
You're brought to life.
Você será trazido à vida.

    Abraço Joe com toda minha força. Não consigo mais controlar minhas lágrimas. Escuto minha mãe gritar, mas não consigo prestar atenção. Quero sumir. Desejo que isso seja apenas um pesadelo, para que eu possa acordar e ver tudo resolvido. Mas sei que não é quando sinto as mãos de minha mãe puxarem meus ombros.
    — Você tem noção do tamanho disso? — Ela grita, me olhando de frente. — Você tem apenas dezenove anos, Demetria! — Abaixo os olhos. Eu já sei disso. — E vinte e dois anos! — Ela diz, referindo-se a Joe. — Vocês são tão jovens! Joseph, eu não consigo acreditar. — Ela se volta para Joe e eu escondo meu rosto com as mãos. Sinto muita vergonha. — Eu sempre achei que você fosse mais responsável do que isso. Achei que ao ficar com você, a Demetria tivesse finalmente colocado algo nessa cabeça cheia de vento! Como puderam deixar que isso acontecesse? Vocês têm noção de tudo o que irá mudar de agora em diante?
    — Demetria, vá para o seu quarto. — Ouço meu pai e não penso antes de cumprir sua ordem. Subo as escadas rapidamente e não olho para trás.
    Do meu quarto, ainda ouço os gritos da minha mãe. Sei que meu pai também fala, mas não consigo ouvir nada. Muito menos o que Joe diz. Eu estou tão ferrada!
    Sento-me sobre a cama e abraço minhas pernas. Como se sentisse a tensão no quarto, Tico sobe na cama e se deita ao meu lado, me encarando com seus olhinhos azuis. Ele não mia, nem pede carinho, apenas permanece ali, me encarando.
    Percebo que os gritos cessaram. Levanto-me da cama e caminho lentamente até o banheiro, parando em frente ao espelho. Jogo bastante água sobre meu rosto e respiro fundo, tentando engolir o choro. Metade do problema está resolvido. Falta agora contar aos pais do Joe. Eu nem os conheço ainda.

I'll whisper quietly,
Vou sussurrar calmamente,
I'll give you nothing but truth.
Não lhe direi nada além da verdade.
If you're not inside me, I'll put my future in you.
Se você não está dentro de mim, colocarei meu futuro em você.

    Olho meu reflexo no espelho. De perfil, dá para perceber uma pequena saliência em minha barriga, bem pequena. Ouço minha mãe me chamar no andar debaixo e abaixo a blusa. Pego minha bolsa e desço correndo, encontrando minha mãe na cozinha. Ela ainda está magoada, mas voltou a falar comigo dois dias depois de saber. Meu pai demorou um pouco mais, duas semanas.
    Felizmente, os pais de Joe reagiram de uma forma bem diferente. O pai dele ficou bastante desapontado, mas gostou de saber que o Joe iria assumir a criança e já estava pensando em como daria conta de tudo. A mãe dele ficou tão feliz que nem pareceu se lembrar de que Joe ainda tinha apenas vinte e dois anos e eu, dezenove. Foi quando ela conversou com minha mãe, que ela resolveu voltar a falar comigo.
    — Vamos? — Minha mãe pergunta e eu concordo. Acompanho-a até o carro em silêncio e assim permaneço até chegarmos ao consultório.
    Sinto um arrepio percorrer minha espinha assim que entro na sala de espera. O cheiro doce que preenche o ar me deixa enjoada. Está ficando muito habitual sentir esses enjoos e sei que é normal. Sento ao lado de minha mãe no sofá creme e passo os olhos pelo ambiente, ao qual começava a me habituar. O cômodo é todo claro, com exceção dos vasos das plantas e do mármore da mesa da recepcionista. Tão claro que me incomoda.
    — Obrigada por me acompanhar. — Digo para minha mãe. É o terceiro exame que faço, mas o primeiro ultrassom. Joe está em aula e por isso não pode vir, mas vou pedir para gravarem, e assistirei com ele depois.
    — De nada, minha filha. — Ela sorri e sei que está sendo sincera. Abraço-a e apoio minha cabeça sobre seu ombro.
    Sou chamada para a sala de ultrassom. Levanto um pouco nervosa e caminho até a sala, minha mãe ao meu lado. Entramos e a médica me dá as instruções. Eu deito na maca, subo minha blusa e abro o botão da minha calça, deixando minha barriga totalmente descoberta. Sinto um arrepio quando ela aplica o gel frio em minha pele.
    Ouvimos uma batida na porta e a médica pede que entre. Sorrio ao ver Joe entrar, todo envergonhado, pela porta. Ele fica ao lado de minha mãe e segura a minha mão. A médica liga o monitor e coloca o aparelho sobre minha barriga.
    Começamos a ouvir um som do monitor, o que a médica explica serem os batimentos cardíacos do bebê. Sinto minha vista embaçar e aperto a mão de Joe. Olho para ele e sorrio ao vê-lo sorrir tão verdadeiramente olhando para o monitor. Ele é aparentemente perfeito, nos informa a médica. Eu luto com o nó que se forma em minha garganta.
    — Vocês querem saber o sexo? — A médica pergunta, mexendo o aparelho sobre minha barriga para nos mostrar vários ângulos.
    — Não. — Respondo e olho para Joe. Ele concorda comigo, ainda embasbacado pela imagem no monitor.
    Sinto minha mãe passar a mão em meus cabelos e olho para ela. Ela chora e isso é o suficiente para eu deixar minhas lágrimas caírem também.
    Logo a consulta termina. Eu me arrumo enquanto Joe pega o DVD com o vídeo do ultrassom. Despedimo-nos da médica e saímos do consultório. Joe me entrega o DVD e então se despede. Entro no carro com minha mãe e ela me conta histórias de quando estava grávida de mim. Algumas eu já conhecia, mas outras não.

You are my one and only.
Você é meu e único.
And you can wrap your fingers round my thumb and hold me tight.
Você pode pôr os dedos em volta do meu polegar e segurar firme.
Oh, you are my one and only.
Oh, você é meu e único.
You can wrap your fingers round my thumb and hold me tight.
Você pode pôr os dedos em volta do meu polegar e segurar firme.
And you'll be alright.
E você vai ficar bem.

    Joe empurra a porta para mim e eu entro. Ligo quase todas as luzes da casa, detesto ficar no escuro. Subimos para meu quarto e eu deixo minha bolsa sobre a escrivaninha, tirando meu tênis em seguida, e me deito na cama. Assisto Joe abrir a última porta do meu guarda roupa e guardar lá uma sacola. É um presente de Stuart para o nosso bebê. Sorrio quando ele se deita ao meu lado e me puxa para deitar em seu peito.
    — Você acha que é menina ou menino? — Pergunto baixo, acariciando minha barriga. Ela já cresceu um pouco, mas apenas o esperado para os quatro meses. Ainda não está tão perceptível.
    — Eu não sei... O que você prefere? — Ele pergunta, soprando meu cabelo ao falar.
    — Menino. — Respondo, mas não tenho certeza. — Ou talvez uma menininha. Vou amar de qualquer forma. — Finalizo.
    Permanecemos em silêncio, os únicos movimentos são de minha mão, ao acariciar minha barriga. Sinto uma pequena pontada e sento na cama no mesmo instante, um sorriso se formando em meus lábios.
    — Ele chutou! — Falo alto, entusiasmada. Essa não é primeira vez, mas das outras vezes eu não sabia o que era. — Joe, ele chutou! — Repito ao vê-lo se sentar a minha frente.
    — Eu quero sentir, será que ele faz de novo? — Pergunta, colocando as mãos carinhosamente em minha barriga. — Ei, pequenino, é o papai aqui. — Diz, com uma voz melodiosa. Seu sorriso é enorme e sei que é um reflexo do meu.
    Questiono-me como pude pensar em não ter essa criança. Mas sei que nunca foi a sério. Sinto-o chutar novamente e o sorriso de Joe aumenta, assim como o eu.
    — Você sabe que será muito amado, não sabe? — Joe fala e eu sinto meus olhos ficarem molhados. — Ei, você está chorando? — Pergunta para mim, tirando a mão direita de minha barriga e a colocando em meu rosto. Sorrio.
    — Não é nada. — Respondo e fecho os olhos, deixando que as lágrimas escorram. — Eu estou tão feliz.
    — Eu também estou, Demi, muito, muito feliz. — Diz, encostando sua testa na minha. — Nós seremos muito felizes. Eu, você e o nosso bebê. — Sussurra e então me beija. O beijo é apaixonado e carinhoso. Eu só consigo pensar em como tenho sorte de tê-lo ao meu lado.
    — Amo você. — Falo baixo, como um segredo.
    — Eu amo você, Demi.

You're just a small bump unknown,
Você é apenas uma pequena saliência desconhecida,
You'll grow into your skin,
Você vai crescer em sua pele.
With a smile like hers and a dimple beneath your chin.
Com um sorriso como o dela e uma covinha debaixo do queixo.
Finger nails the size of a half grain of rice,
Unhas dos dedos do tamanho de meio grão de arroz
And eyelids closed to be soon opened wide.
E as pálpebras fechadas que logo se abrirão.
A small bump, in four months you'll open your eyes.
Uma pequena saliência, em quatro meses você abrirá seus olhos.

    — Obrigada. — Digo enquanto assino os papéis. Os dois rapazes saem do cômodo e minha mãe os acompanha até a porta.
    Caminho até o berço de madeira branca e passo a mão por todo seu comprimento. Tento memorizar cada detalhe e imagino meu bebê ali dentro. Sinto Joe me abraçar por trás, quando as primeiras lágrimas se formam em meus olhos. Agora é assim, choro sempre e por qualquer coisa. Dizem que são os hormônios.
    Viro-me e encaro o restante do cômodo. Não há nada ali a não ser o berço – presente dos pais de Joe. Na semana anterior, Joe colocou um papel de parede amarelo claro, substituindo o antigo e desgastado papel azul. Fico feliz por meus pais não se importarem em eu usar o quarto ao lado do meu para o bebê. Era o quarto onde minha mãe guardava algumas coisas de artesanato, mas ela não o utilizava havia anos. O piso de madeira possui manchas de diversas cores de tinta, mas eu o cobri com um carpete felpudo e macio, cinza bem claro.
    — Está feliz? — Joe pergunta e me preparo para responder, mas percebo que fala com minha barriga. — Esse aqui é o seu quarto e essa é a sua caminha. — Ele aponta, como se o bebê pudesse ver.
    Mas mesmo que não possa ver, ele pode responder e é o que faz quando chuta de leve minha barriga, fazendo Joseph sorrir ainda mais.
    — Acho que foi um sim. — Comento e ele me olha sorrindo. Abre a boca para dizer algo, mas é interrompido por meu pai, que bate na porta.
    — Posso entrar? — Ele pergunta e eu confirmo. — Aqui ficou muito bonito. Vocês fizeram um ótimo trabalho. — Diz, observando as paredes e o berço. — Posso ficar a sós com a Demi um pouco,Joe? — Pede e meu namorado concorda, beija a minha testa e sai do quarto. — Como está se sentindo? — Ele pergunta, segurando minhas mãos.
    — Estou bem, pai. — Respondo e sinto meus olhos marejarem novamente. Malditos hormônios.
    — Demi, eu sei que não tenho dado muito apoio a você, não tanto quanto você precisa. — Faço menção de interrompê-lo, mas ele não permite. — Quanto eu gostaria de apoiar. — Completa e eu sorrio. — Você já está com quantas semanas? — Pergunta, acariciando minha barriga.
    — Dezenove semanas. Mais duas semanas e completo cinco meses. — Respondo calmamente.
    — Sua mãe disse que não quiseram saber o sexo. Você sabia que fizemos o mesmo com você? — Pergunta e eu confirmo. — Eu te amo, filha. — Diz, me puxando para um abraço.
    — Eu também, pai. Eu também.

And I'll hold you tightly and tell you nothing but truth,
Vou segurar você firme e não lhe direi nada além da verdade,
If you're not inside me, I'll put my future in you.

Se você não está dentro de mim, colocarei meu futuro em você.
    — Essa não, Demetria! — Minha mãe briga, arrancando a travessa de vidro das minhas mãos. Devolve para o armário e pega outra. — Era essa. — Fala. Eu não questiono, apesar de não ver diferença entre as duas.
    Ouço a campainha tocar e sinto náuseas. Sei que tenho que atender, mas não quero me mover. Finalmente irei conhecer os pais de Joseph.
    — Vai lá, Demi. — Minha mãe diz e me empurra de leve pelo ombro. Suspiro e caminho lentamente até a porta. Puxo a porta com força e abro um sorriso.
    — Oi. — Digo e Joe me abraça.
    Convido seus pais para entrar e nos sentamos na sala. Vejo como Joe é parecido com os dois. Logo minha mãe vem até a sala, acompanhada de meu pai. Todos são apresentados e ficamos conversando enquanto o assado não fica pronto.
    O jantar é agradável e eles demoram a ir embora. Passarão a noite no hotel, e pela manhã voltarão à Framlingham.

You are my one and only.
Você é meu e único.
And you can wrap your fingers round my thumb and hold me tight,
Você pode pôr os dedos em volta do meu polegar e segurar firme,
And you'll be alright.
E você vai ficar bem.

    — Bom dia, raio de sol. — Ouço Joe falar enquanto acaricia meus cabelos. Resmungo, não quero acordar. — Você precisa levantar, Demi. — Sinto cheiro de café e isso me deixa enjoada. Sinto tanta raiva por não tomar café há mais de um mês por causa da gravidez.
    — Não quero ir, deita aqui mais um pouquinho. — Peço, me ajeitando na cama. Ele suspira, mas faz o que peço. — Eu tive um sonho esquisito. — Faço uma careta e balanço a cabeça para espantar as imagens. — Como você acha que será o nosso bebê? — Pergunto e ele sorri.
    — Ele será bem pequenininho. Terá o seu sorriso e os seus olhos, mas terá o meu cabelo. — Responde prontamente, como se já tivesse pensado nisso antes.
    — Gosto disso. — Falo e fecho os olhos. — Eu vou trancar a faculdade no próximo semestre. — Digo e ele se mexe desconfortável ao meu lado. — Não tem como eu deixá-lo em casa o dia inteiro enquanto estou na universidade. Não logo nos primeiros meses. E não posso levar um bebê para assistir aulas.
    — Você tem razão. — Ele diz e acaricia minha bochecha. — Já falou com seus pais? — Pergunta e eu nego.
    — Queria falar com você primeiro. — Dou de ombros. Respiro fundo e levanto da cama. Olho minha barriga de perfil no espelho. Já estou com vinte semanas, mas ela ainda é pequena. Escondo com facilidade sob uma camiseta mais larga, poucas pessoas sabem da minha gravidez.

You can lie with me, with your tiny feet.
Você pode deitar comigo, com seus pezinhos.
When you're half asleep, I'll leave you be
,Enquanto você estiver quase dormindo, vou deixar que fique,
Right in front of me for a couple weeks
,Bem na minha frente por algumas semanas,
So I can keep you safe.
Para que eu possa manter você seguro.

    Apoio minha cabeça sobre as mãos. Não me sinto bem e a aula está muito chata. Faço alguns desenhos no caderno para me distrair. Verifico o relógio e percebo que falta pouco para o final da aula. Junto meu material em silêncio e aguardo. A professora libera a turma e eu espero que a maioria saia, então tento levantar, mas sinto dor. Solto um gemido.
    — Demi, está tudo bem? — Candice, minha melhor amiga, pergunta. Nego e coloco a mão sobre minha barriga, a dor aumentando progressivamente. Fecho os olhos com força e tento conter as lágrimas. — Vem, eu vou ajudar você. — Ela fala, entregando meu material para Tina. Apoio meu braço em seus ombros em fico em pé, a dor aumenta.
    — Demi, você está sangrando. — Tina solta um gritinho e eu tento controlar a vontade de chorar. — Eu vou ligar para o Joe, vamos para o hospital. — Ela completa rapidamente, pegando meu celular.
    Ando com Candice até as cadeiras da frente, mas não tenho mais forças. Ela tenta me acalmar e eu tento acreditar nela, mas a dor é tão forte que é impossível não sentir medo. Desejo que nada aconteça com meu bebê. Desejo que não tivesse sido tão má quando descobri a sua existência.
    Minutos depois Joe chega, está ofegante. Ele me abraça e diz que tudo ficará bem. Mas não acredito, não dessa vez. Diz que a ambulância já está a caminho e que já avisou meus pais. Eu só consigo chorar. Ele sabe que há algo errado, nós dois sabemos. Mais uma pontada de dor, fecho os olhos.

'Cause you are my one and only.
Você é meu e único.
You can wrap your fingers round my thumb and hold me tight.
Você pode pôr os dedos em volta do meu polegar e segurar firme,
You are my one and only.
Oh, você é meu e único.
You can wrap your fingers round my thumb and hold me tight.
Você pode pôr os dedos em volta do meu polegar e segurar firme,
And you'll be alright.
E você vai ficar bem.

    Abro os olhos com dificuldade, não estou mais na universidade. Estou deitada em uma cama no centro de um quarto azul claro. Percebo que estou no hospital e meu impulso é chamar a enfermeira, mas alguém segura minha mão. Olho para o lado e percebo que é minha mãe. Ela sorri fraco ao me ver acordada e acaricia meus cabelos.
    — Vou avisar ao Joe que acordou. — Ela diz e saí do quarto, me deixando sozinha.
    Pisco os olhos lentamente e levo as mãos à minha barriga. Não sinto mais dor, mas não sei se é efeito dos remédios, os mesmos que me deixam meio grogue. Sinto minha cabeça pesar.
    A porta branca é aberta e Joe entra por ela acompanhado do médico. Ele caminha até mim e se apoia em minha cama, sem me olhar.
    — Demetria, como se sente? — O médico pergunta.
    — Bem... eu acho. O que aconteceu? — Pergunto. Joe segura minha mão entre as suas e eu sei que não irei gostar da resposta. Sinto meus olhos se encherem.
    — Você teve um aborto espontâneo, Demetria. Eu sinto muito.
    — Como assim? — Pergunto sem entender. — O que eu fiz? — As primeiras lágrimas já escorrem.
    — Você não fez nada. — Ele responde, o tom delicado e baixo. — Essas coisas acontecem com frequência, talvez seu bebê estivesse com algum problema, nós não temos como saber.
    Eu não respondo. Talvez eu não tenha tomado todos os cuidados direito. Talvez eu devesse ter ido mais ao médico. Ou deixado de enfrentar o trem todos os dias. Talvez seja um castigo, por ter desejado tirá-lo. Talvez não, só pode ser um castigo.
    Joe me abraça e eu deixo as lágrimas caírem. Desejo ter meu bebê de volta. Eu quero o meu bebê de volta. Isso é tão injusto.
    Eu sonhei com o dia em que estaria no hospital e poderia segurá-lo em meus braços. Suas mãozinhas tão pequenas que caberiam dentro das minhas. Seus olhinhos pequenos, ainda fechados, prontos para conhecer um mundo inteiro. Eu iria amamentá-lo e abraçá-lo, sempre deixando-o aquecido e protegido. Eu jamais deixaria algo de ruim acontecer com ele. Jamais. Eu o colocaria para dormir na minha cama nos primeiros dias em casa e ficaria ao seu lado, apenas cuidando de seus sonhos, admirando meu pequenino enquanto ele respirava calmamente. Eu o levaria para passear todos os dias. Quando estivesse maior, deixaria que brincasse no gramado. Eu daria tudo de mim para ser a melhor mãe possível.
    Mas isso seria apenas um sonho.

You were just a small bump unborn.
Você era só uma pequena saliência que não tinha nascido.
For four months then torn from life.
Quatro meses, e então, desprovido da vida.
Maybe you were needed up there.
Talvez precisassem de você lá em cima
But we're still unaware as why.
Mas ainda não sabemos por quê.

Fim

Oi, oizinho, oizãooooooooooo! jdaofs sos cade meu remedio? Até que enfim uma fic descente ERGUEI AS MÃOS E DAI GLORIA A DEUSSSSSSSSSSS!
Repito: CADE O MEU REMÉDIO?
Gente, eu juro q dei uma choradinha no final, jurava q ia ter um final feliz blehhhhh.
Parei, enfim, agora é de verdade eu vou postar pelo o menos duas shorts por semana ~dançando daçando dan dan dan dançando~ e só p especificar essa fic não NÃO n.ã.o é minha ela é de um site q eu achei e a autora se chama Lúcia Delphino, então créditos a ela.
Queridasssssss vcs tem twitter? me passem suas gatas jfsuhds ou me sigam lá no @jonatown q vou receber vcs de braços abertos ♥
 E por último, tentem divulgar o blog? pfvrrrrr, eu tb vou estar divulgando e tals hua.
beijinhosssssssssssss ♥

segunda-feira, 1 de julho de 2013

A feira

—Vamos logo, Demetria! — Ouvi a voz de minha mãe me chamar. — Você vai na feira comigo!
Mas o que.
—É domingo, mãe. — resmunguei. — me deixa dormir.
Cobri meu rosto com o cobertor e senti ele ser puxado.
Que sono.
—Que merda, dona Dianna.
—Você tem dez minutos. Dez. — Ouvi a porta bater.
Levantei em um pulo e fui até  banheiro escovei meus dentes e lavei meu rosto. Vesti um short jeans desfiado, uma blusa de um ombro só que mostrava um pouquinho de minha barriga rosa bebê e meus chinelos. Coloquei meus óculos escuros e pam. O que foi? Quer mesmo que me arrume pra ver aqueles velhos que acordam cedo só pra comprar aquelas "gostosuras"? Não mesmo.
Desci as escadas e vi minha mãe sentada no sofá com seu carrinho de feira [n/a: aqueles que arrasta e pa, sabe? huahau].
—Por que eu que tenho que ir? — perguntei enquanto saímos de casa.
—Porque seu irmão foi dormir na casa do amigo.
Viramos a rua.
—Eu vou matar o Logan. — Disse após chegarmos na feira e ver aquele bando de velhos.
Qual é, que adolescente de 17 anos gosta de vir na feira lotada de velinhos e velinhas com cheiro de talco comprando verduras em pleno domingo de manhã. Eu pelo o menos não.
Andamos um pouco e minha mãe parou na barraca de frutas entrando na fila.
—Mãe?
—Sim, querida.
—Me da dinheiro pra eu comer pastel?
—Certo. — ela assentiu — daqui uma hora me encontra na barraca da dona Lurdes.
Assenti e peguei o dinheiro que estava em sua mão.
Fui andando estilo mosca em seus últimos dias de vida por conta de uma senhora estar na minha frente com um carrinho. Quando cheguei pedi um pastel de frango com catupiry -nhumy- e me sentei no balcão esperando.
Fiquei mexendo em meu celular e senti alguém se sentar ao meu,lado. Olhei discretamente e vi que era um garoto mais ou menos com a minha idade com cabelo castanho e olhos levemente esverdeados. Bonito.
—Moça, seu pastel. — a mulher disse.
Peguei meu pastel e pedi um refrigerante e ela trouxe.
—Obrigada. — sorri.
Comecei a comer o pastel e de repente acordar sete horas em um domingo fez sentido.
Catchup, isso que tava faltando procurei com os olhos e achei estava um pouco depois do garoto que tinha se sentado ao meu lado.
Inclinei-me mas esqueci que meu celular estava em meu colo e não me perguntem como fiz isso mas quando vi eu estava no chão junto com o garoto.
Comecei a rir, na verdade tive um ataque de riso e fui acompanhada pelo garoto.
—Oh, meu Deus! — eu disse sem parar de rir. — desculpa, ai meu Deus.
—Tá tudo bem. — ele também ria porém mais fraco que eu.
Ele se levanto e estendeu a não para mim.
—Joe. — sorriu.
—Demi.
Peguei em sua mão e levantei.
Olhei para o chão e vi o resto de meu pastel e meu lindo iPhone branco, o peguei e joguei o pastel no lixo levantei as cadeiras e Joe me ajudou. Coloquei meu celular no bolso de trás do short, paguei minha conta e peguei meu refrigerante.
—Então... — ele disse enquanto andávamos pela feira.
—Joe, né?
—Isso!
—Então, Joe, acho que tô te devendo um pastel.
Rimos.
—Relaxa.
—E um churros? — perguntei.
—Por minha conta.
—Não mesmo, eu que derrubei seu pastel. — eu disse colocando minha latinha no lixo.
—Mas eu sou um cavalheiro, então eu pago.
Bufei.
—Certo.
Chegamos na barraca que era a ultima perto da praça. Joe pediu uma porção de mini churros de chocolate. Logo a senhora os trouxe e ele pagou.
Nos sentamos no banco da praça [n/a: seu guarda eu n sou vagabundo eu n sou delinquente eu dormi na praça pensando nelaaaaaaaa] e começamos a comer.
—Hum, esse é melhor do que o de doce de leite. — Comentei.
—É mesmo. — Ele concordou sorrindo.
Comemos o resto dos churros entre poucas palavras, qual é, não sou boa em assuntos. Quando vi apenas um havia sobrado.
—Uh! O último. — eu disse — acho que deveria ser da dama.
Ri pelo nariz.
—Acho que deveria ser do cavalheiro.
—Acho que não.
O peguei e coloquei na boca mordendo-o, Joe tentou pegar mas enfiei tudo na boca fechando os olhos sentindo o sabor do chocolate.
—Talvez eu ainda possa...— ele sussurrou me deixando confusa.
Mas logo que ele grudou seus lábios nos meus eu entendi, coloquei minhas mãos em seu pescoço e senti ele envolver minha cintura com seus braços.
Joe aprofundou o beijo e senti o contato de sua língua com a minha. Senti ele puxar minhas pernas para cima das suas derrubando a caixinha de churros no chão. Desci minhas mãos para seus ombros acariciando o local. Decidi separar o beijo, mordi seu lábio inferior e lhe sei um selinho.
—O último estava melhor do que os outros. — Ele comentou em tom de brincadeira iniciando outro beijo.
Achei o lado bom de vir a feira.

Jesus, esse é o meu recorde! Nunca escrevi uma short tão rápido e ela ficou tão nhonho hudshibsu.
Faz um tempo que eu escrevi ela e ela é o meu xodó! Então apreciem hucdkbd.
Eu falei de postar duas shorts por semana né gsumdu não cumpri minha promessa, sorry.
Eu tô cheia de fics salvas aqui mas nunca posto não me perguntem pq!
Até qualquer dia (mentira, acho que posto outra semana que vem)
Beijinhos <3

sábado, 6 de abril de 2013

Apagão



“Meche a cabeça com o tchutchucão, mexendo os braços e o joelho assim, dançando com o tchutchucão.”

- Opa! Meu celular! – Nick gritou. Os meninos se entreolharam.
- Alô? Miley! Prima!{...} Seu aniversário é hoje?{...} Não, não esqueci. {...} Sim, eu vou. {...} Posso levar um amigo? {...} Tudo bem, já vou me arrumar, ok? {...} Tchau. 
- Tchtchucão? – Perguntou Justin.
- Pois é, é da Xuxa. – Nick pulou nas costas de Kevin.
- Dude, você gosta de Xuxa? – Perguntou Joe.
- Claro que gosto, Xuxa é meu metal favorito! 
- Xuxa? Heavy Metal?
Nick, olha bem pra mim. - Kevin jogou o menino no chão. – Você gosta de Xuxa
- Sim, você nunca viu a foto na minha gaveta de cuecas? - Joe e Justin bateram a mão na testa num gesto de desaprovação.
- Pra que eu mexeria na sua gaveta de cuecas? – Perguntou Kevin indignado.
- Danadinho! Eu já descobri que você rouba as minhas. – Fez uma voz de gay enquanto balançava o dedo indicador.
Nick, você é um maluco. Joe, leva ele embora da minha casa. – Justin empurrou os dois para fora do sofá.
- Beleza, vam’bora.
- Tá! Tchau, amiguinhos. – Deu dois beijinhos na bochecha de Justin e um tapinha na bunda de Kevin.

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- Que horas são? – Demetria perguntou.
- 6h30m. – Miley gritou da cozinha.
- Dando 8h, começamos, ok?
- Você tem certeza? Porque nós sabemos que o jogo do copo é tão ridículo e é tudo mentira.
My, vai me dizer que você tá com medo do jogo do copo? - Jogou a lata de cerveja pela janela.
- Não! De jeito nenhum, tá me estranhando, fia! – Respondeu a garota indignada.
- Sei lá, pra quem tinha medo do Duende Verde!
- Pára com isso!
- Ok, ok... Agora me dá mais um pedaço de bolo. – Demetria estendeu o pires.
Elas haviam se conhecido no “Bar do Gordo” há três anos, e desde então viraram super amigas.
- E o que a gente faz agora?
- Nós podemos escrever fic! – Miley sugeriu.
- Boa, pega papel!
- Pega você!
- A casa é sua. – Ela disse irritada.
- Tô...
Miley se levantou e pegou um caderninho rosinha e uma caneta felpuda azul.
- Ok, MCR ou Simple Plan? – Perguntou fazendo um coraçãozinho e escrevendo “Capítulo 1”.
- MCR! E eu... – Demetria deu um pulo do sofá. – Fico com o Mr. Iero!
- Ai, ai, Demetria. Você e essa sua paixão pelo Frank, ao invés de ser como eu, apaixonada pelo GERARD WAY, o homem guerreiro! – Fez gestos de poder com as mãos imitando os do clipe de “Teenagers”. Demetria deu com a almofada na cara dela e começaram a guerrear.

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Joe, querido amiguinho! – Nick cutucou o braço do amigo que dirigia.
- O que quer? 
- Como eu queria que alguém fosse comigo na festa da minha prima Miley, ela é tão bonita, mas ninguém quer ir comigo.
- Ah, coitado. 
- Ela é tão rica, vai ser uma pena sobrar tanta bebida. – Enfatizou a palavra “rica”.
- Er, ela é rica, é? – Levantou uma sobrancelha.
- Aham.
- É hoje? Que horas?
- Oito. Por quê? Você quer ir? – Sorriu.
- Pô, cara. Como deu rolo lá na entrevista, eu acho que to livre... Ela vai fazer quantos anos?
- 19, eu acho. Você vai mesmo?
- Vou.
- Valeu! – Socou o braço que Joe segurava o volante, fazendo o carro dar uma virada.
- Ô filho da puta, não passou pela auto escola? – Gritou o motorista de outro carro.
- Não tá vendo que eu comprei a carteira, animal! – Nick pegou a carteira de motorista de Joe e subiu no banco do conversível do garoto.
- Animal é a puta que te pariu!
- Não pisa no meu banco. – Joe cochichava pra Nick.
- Eu não nasci do ventre da prostituta que te colocou no mundo. – Nick gritou de volta.
- Prostituta? Vem aqui brigar, ô fedelho!
- Tô indo. – Pulou do carro em movimento [n/a: radical] – Então, os velhos de hoje em dia estão se sentindo os garotões para brigar com a comunidade.
- Escuta aqui, moleque...
- Eu posso te escutar, mas você não pode me escutar, sabe por quê?
- Não.
- Eu digo o porque.
- Por quê?
- Porque você já chegou na 3ª idade, e a cera já entupiu o seu ouvido, e agora, você se tornou um surdo! Um surdo obeso!
O homem colocou a mão na barriga quando Nick citou o “obeso”.
- Seu fedelho de uma figa!
- Não adianta se culpar pelo que o tempo fez a você! – Nick colocou a mão no bolso da camisa do homem e puxou um papelzinho e uma caneta – Olha, eu vou anotar o telefone do seu Luís, ele é um otorrino que cobra baratinho... Caso você esteja morando de favor ou em Alto da ponte. – Nick anotou e entregou ao homem.
- O nome é Luís? 
- Yep.
O velho ia guardando o papelzinho no bolso xadrez.
- Ei! – Exclamou o velho. – Eu não sou surdo! E não preciso de médico!
- O primeiro passo para um doente se tratar é admitir que é portador da doença! – Nick deu um tapa na barriga do velho.
- Ai minha barriga! Seu pivete do capeta! – bradou empurrando Nick.

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- E eles foram felizes para sempre! – Miley sorriu.
- A minha casa foi destruída. Como eu vou ser feliz?! – Demetria perguntou sentando no sofá da sala de Miley.
- Quem falou que sua casa foi destruída?
- Você! Aconteceu uma inundação e meu prédio desmoronou, cá pra nós, você tem uma imaginação!
- Vamos parar de fazer fic, vamos ver televisão. – Disse Miley num tom superior.
- Tá. – Pegou o controle e ligou a televisão. – Eba, Jogos Mortais!
- Não! – urrou.
- Por quê?
- Eu não quero!
- Você tem medo?
- É né...
- Já era de se esperar.
- Ei!
- Ué, pra quem tinha medo do Duen...
- NÃO DIGA O NOME!
- Por quê?
- Hoje é noite de lua cheia, ele sempre aparece nos meus sonhos...

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Joe se levantou e foi para onde Nick e o velho brigavam.
- Não me empurra, seu velhote filho duma puta! – Nick socou o velho.
“Caramba, Nick, eu-te-mato!” pensava Joe.
- O que tá acontecendo aqui? – Joe puxou Nick pela camisa.
Joe Jonas! – Gritou o homem.
- Yeah, baby. O que esse pivete fez?
- Pivete? –Perguntou Nick.
- É, pivete. – Joe forçou a voz e por incrível que pareça, Nick entendeu o recado.
- Ele veio brigar comigo no meio da rua! – O velho fazia drama.
- Quem você pensa que é, seu pivete?!
- Er... Um pivete, né? – Disse confuso.
- Isso mesmo. Vem comigo.
- Eu? – O homem disse com os olhos brilhando.
- Não, o pivete.
Joe e Nick foram andando para o carro.
-Eu sou seu fã! – O velho gritou e fez um ‘tchauzinho’.
Joe empurrou Nick para dentro do carro.
- Você ainda vai comigo pra festa, né? – Perguntou Nick olhando para fora.
Joe assentiu.

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Miley! Eu quero cerveja! 
- Tá na geladeira.
- Que gritaria é essa aí na casa do vizinho?
- A, é a festa de aniversário da Miley.
- Sua xará?
- É o que parece.
As meninas se levantaram e foram para cozinha. Miley abriu a geladeira e pegou duas latinhas, colocou na mesa.
O celular de Demetria começou a tocar.
Demetria, seu celular!
- Tá onde?
- Eu vou saber?
Demetria correu pro quarto de Miley e pegou seu celular que estava em cima da cama.
- Fala Sabão!
“Sabão na área! Tá onde?”
- Na casa da Miley.
“Aé, vo prai.”
- Beleza
“Garota! Ganhei uma moto hoje... Muito foda!”
- Radicalizou, hein, Sabão?!
“Não é a toa que eu sou o Sabão Radical!” 
- Tá, a gente tá te esperando.
“Beleza, tchau”.
Miley! O Sabão tá vindo!
- Ok

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- Aí, - Joe parou o carro na frente da casa de Nick – me liga quando estiver pronto.
- Que nada! Nós vamos com a Franciny.
- Franciny? Ela é rica?
- Minha moto.
- Ah, tá.
- Agora vai embora.
- Beleza.
Joe foi para sua casa e depois de 20 minutos ligou para Nick. 
- Pode vir, Willians.
“Beleza”

Nick pegou a moto e foi pra casa de Joe, que o esperava na frente.
- Por que você tá com essa roupa? – Nick perguntou.
- Eu é que pergunto! Cara, você tá um farrapo.
- É uma festa a fantasia! E eu, vou de zumbi sexy.
- Peraí, essa aí não é blusa que a gente apostou que o Kevin tinha que comer um pedaço?
- Essa mesmo. Com qual fantasia você vai?
Joe colocou os óculos escuros.
- Agente do FBI.
- Homem de preto.
- Eu sabia... Er, só tava te testando! E você passou no teste! – bateu palminhas.
- Ah. Que bom. Vamos.

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- Oito horas! Vamos começar? – falou Miley.
- Vai arrumando lá, que eu preciso pegar um pouco de ar... – disse Demetria se debruçando na janela.
- Tá bom.

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Nick, que horas são?
- Oito horas.
- Viu! Você fez a gente se atrasar!
- Que nada, cara!

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Demetria tomou o último gole da sua cerveja e jogou a latinha pela janela.
- Uma hora essa latinha ainda vai cair na cabeça de alguém...

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- Ai! – exclamou Joe.
- O quê? – Nick virou assustado.
- Porra! Quem atacou a latinha em mim?
- Cale-se, Joseph! E agora? Qual será o apartamento...?
- Você não anotou o endereço? – Perguntou em tom ameaçador.
- Anotei... O problema é que eu esqueci em casa.
- Ah, merda!
- Olha a luz acesa!
- É a luz no fim do túnel.
- Não seu, besta, é a luz da festa da minha prima!

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“TOC-TOC”
- Atende! – Miley gritou.
- Tá. – Abriu a porta. – É o que?
- Deixa eu falar com a Miley? – Nick perguntou animado.
Ouviram ruídos de gente se arrastando.
- Woah... É aqui mesmo, Nick?
- Wow! – Demetria sorriu. – Miley! Tem dois meninos aqui, um gostoso e outro que parece um mendigo.
– Ah, boceta... – Miley veio resmungando. – Quem são vocês?
- Não lembra de mim? - Nick disse sorrindo.
- Eu te conheço?
- Que isso menina! Você me ligou hoje!
- Liguei?
- ‘To boiando! – Joe exclamou.
- Bóia não, quer uma cerveja? – Demetria sorriu.
- Aham.
- Entra aí!
Demetria e Joe foram para cozinha.
- Cadê o povão? – Nick perguntou confuso.
- Que povão? – Miley olhou com uma expressão de “Quê?!”
- Ué, eu cheguei atrasado?
- ATRASADO PRA QUE HOMEM?
- A luz tá ficando fraca ou é impressão minha? – Joe comentou com Demetria.
- Tá fraca mesmo. – Os dois se entreolharam. – Miley, eu acho que a luz vai...
Nick colocou o dedo no interruptor e levou um choque. A lâmpada queimou e a rua ficou escura.
- O que aconteceu? – Joe perguntou assustado.
- Blecaute? – Demetria se aproximou da janela. – É, acho que acabou a luz, tá tudo escuro. - Sem querer esbarrou no copo de cerveja que estava no batente da janela e ouviram o barulho do vidro quebrando..
- AH NÃO! – Miley agarrou o braço de Nick.
- O que há? 
- São... Os sinais!
- Que sinais? 
- Do Duende Verde, é melhor você entrar.
Nick se atirou para dentro da casa de Miley ainda agarrada em seu braço.
- Eu quero ir ao banheiro. – Joe apertou seu saco.
- Então se prende aí, porra. – Nick olhava pela casa procurando por algum sinal de luz.
- Não, eu preciso! – Joe se levantou e tentou andar.
- Cuidado com a...
Ouviram o menino levando um tombo. O celular de Demetria tocou de novo.
- Oh! Um celular! – Joe apalpou o aparelho abrindo-o e apertando sem querer no viva-voz. Nick, Demetria e Miley foram seguindo a luz e se juntaram a Joe.
Uma voz rouca saia do celular sussurrando.
“Tá tudo escuro, mas eu sei onde você mora. Já ‘to chegando aí, não adianta se esconder nem trancar a porta se não o bicho pega”.
- AAAAH! – gritaram apavorados.
Joe abraçou Demetria e Nick tentou fazer o mesmo com Miley, mas só recebeu um tapa na cara.
- Já sei! Vou fechar a porta! – Nick se levantou.
- Não! – Joe urrou. – Ele disse que o bicho vai pegar!
- T... Tá bem... – Nick se sentou novamente.
- Viu, Demetria?! Eu disse pra não falar o nome dele! Agora ele vai vir acertar as contas! – Miley disse choramingando.
- Quem? – Joe arregalou os olhos. – Quem está por trás disso tudo?
- O Duende Verde. – Demetria sussurrou.
- Ele está ali. – Nick apontou para uma coisa verde que se balançava na janela.
- AAH! – Gritaram.
Demetria, eu ‘to com medo, eu ‘to com muito medo. – Joe abraçava a garota. Demetria sorriu maliciosamente.
– Isso, Joe, me abrace, nós vamos sair dessa juntos!
- Er... Miley, eu também tô com medo... – Nick chamou manhoso.
- Toma. – Jogou uma almofada para o menino.
- Vem, Joe. Eu vou te levar para um lugar seguro, onde eu e você protegeremos um ao outro e nada vai nos separar!
- Tudo bem, vamos! – Joe deu a mão para Demetria, deixando que ela o puxasse como um menininho.
- NÃO! VOCÊS NÃO VÃO! – Miley gritou.
- POR QUÊ? POR QUE ELES NÃO PODEM IR E A GENTE FICAR AQUI?! – Nick exclamou.
- É, ela disse que vai me levar para um lugar seguro!- Joe emendou.
- Tudo bem... – Miley sussurrou.
“HAHA. Encontrei vocês.” A porta de escancarou. A mesma voz rouca do telefone ecoou pelos cômodos.
Ficaram paralisados observando a “coisa” grande e escura que se movia em sua direção.
- CORRE, NEGADA! – Nick gritou levantando e se escondendo atrás de Miley.
- Por favor, não faz nada comigo! Eu sou Vocalista, eu tenho uma banda! Você pode violentar o Nick, mas não faça nada comigo...! – Joe tampou os olhos implorando.
- Para que eu vou querer fazer alguma coisa com um homem?! – Vítor acendeu a luz.
- Eu-não-acredito! Era você! – Demetria gritou furiosa.
- Sim, sou eu! – Vítor sorriu. – E trouxe minha moto, ela ta lá em bai... – foi caldo por um tapa de Miley. Levou a mão no rosto, massageando a pele.
- O tapa dela dói, né? Prazer, Nick. – Estendeu a mão para Vítor.
- Ah tá, e quem é o outro cagado?
- Sabia que era mentira, – Joe ajeitou a jaqueta – só estava entrando no clima para não deixar elas mais apavoradas...
- Por sua causa eu tive que ficar agüentando essa praga de garoto! – apontou acusadoramente para Nick.
- Praga nada! Eu sou um bom menino...- Nick se defendeu.
- Melhor que você, só o Duende Verde.
- Poxa, Vítor, por que você foi chegar? Agora que... Que eu ia levar o Joe para... Um lugar seguro... – Demetria reclamou.
- Lugar seguro, você quer dizer o quarto? – Joe levantou uma sobrancelha.
- DÃÃR!
- Mas por que vocês ficaram assustados? Eu sou tão feio assim? – Vítor sentou no sofá. Joe deu um salto do mesmo e ficou atrás de Demetria.
- Eu já disse que não fiquei com medo... – Joe começou – Meninas foi bom, muito bom, mas agora eu tenho que ir sabem... – juntou as mãos – Vou deixar aqui meu telefone com vocês... Mas agora eu tenho mesmo que ir.
- Por que vocês vão agora? – Vítor perguntou.
- Não que eu esteja com medo de você... – Joe dizia, Vítor levantou um braço num gesto repentino para tirar o casaco, Joe pulou para trás. – Tá bom, eu ‘to com medo...
Joe pegou uma caneta na estante e escreveu o telefone na palma da mão de Demetria.
- A gente vai fazer um show daqui duas semanas, vocês podem aparecer por lá pra gente se conhecer, trocar uma idéia – Nick chegou mais perto. Miley chegou para trás com cara de nojo, mantendo distância.
- É, uma boa idéia. – Disse ela a contra-gosto.
- Então eu quero ver vocês lá, hein?! – Joe sorriu amigavelmente. – Menos VOCÊ! – Apontou para Vítor.
- Cara, você tá mesmo com medo de mim?
- Já disse que ‘to, rapaz! Agora é melhor eu ir embora antes que eu comece a ter alucinação pelo caminho.
- É melhor vocês irem mesmo. – Miley empurrava Nick para a porta.
- Não, não! Vocês não precisam ir agora...! – Demetria chamou.
- Pode deixar que a gente termina lá no camarim – Joe piscou.
- Mas eu vou também... – Vitor começou.
- JÁ FALEI PRA TU NUM IR! – Joe gritou.
- Vamos conversar de homem para homem. – Vítor colocou a mão no ombro de Joe.
- AH! – Joe gritou esganiçado – Não encosta! – se agarrou em Nick.
- Er, as coisas já estão passando dos limites, é melhor a gente ir mesmo...
- Tá bom. – Demetria disse chateada.
- Tchau. – Miley disse feliz da vida, cutucou Vítor que estava emburrado fazendo com que ele dissesse em “tchau” de má vontade.
- Tchau. – Nick acenou.
- Meninas... – Joe deu uma piscadela. Encarou Vítor – Abre teu olho, rapaz!
Os meninos entraram no elevador.
- Aquele cara era esquisito. – Vítor comentou quando não podiam mais ouvir o barulho do elevador.
- Estranho nada! – Demetria retrucou.
Os três entraram em casa e se jogaram no sofá.
- Vamos lá embaixo, eu quero mostrar a moto! – Vítor segurou uma almofada.
- Eu não vou, tá escuro – Miley declarou em tom definitivo.
“TOC-TOC”
- Será que eles esqueceram alguma coisa...? – Demetria levantou para atender a porta – Oi.
- Er... Eu ouvi a voz do meu primo, ele está aqui? – Miley, a vizinha estava na porta.
Demetria, Vítor e Miley fizeram cara de desentendidos.
- Seu primo? Não! – Demetria exclamou batendo nas costas da mesma.
- Ele por acaso não teria cabelo Moreno, era Alto... – Vítor começou, Miley pisou em seu pé, ele gemeu. – Porque se for, eu nunca vi! – completou.
- De menino aqui, só tem o Vítor. – Demetria acrescentou.
- Ah, não é o Vítor... Tá bom, obrigada. – Miley fechou a porta ao sair.

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- Elas são legais, né? – Nick comentou.
- Aham. - Joe sentiu uma coisa vibrando no bolso.
“Cuidado com o Duende Verde, ele costuma atacar depois das 11... Ah, e eu vou cobrar a parada, hein?! Vê se manda as pulseiras do camarim pra gente haha. Demetria <33”
Joe sorriu e guardou o celular.
- Quem era? - Nick quis saber.
- O Duende Verde é que não era...


Por: Por Anna e Bárbara





Oi oi, ai ta a primeira short espero do fundo do meu coraçãozinho que vcs tenham gostado, lembrando q a fic n é minha. Bom talvez eu poste mais uma ainda hoje, ou não... haha.

Comentários:



Bruna Ávila: Brubssssssss linda djksaifjds, eu lembro de vc sim moçoila haha. Um 'estranho bom' hummmm jdsuacoidj, vc tem twitter? se tiver me passa tá, beijinhossssss <333