[n/a: Preparem os lencinhos!]
Abro a pequena caixa com as mãos ainda trêmulas. Vejo a bula cair sobre o piso claro do banheiro, a pego enquanto abaixo a calcinha. Meu rosto já está molhado pelas lágrimas, o coração acelerado pelo nervosismo.
Começo a ler as instruções. Penso em tudo o que aquilo significa. Penso em tudo o que irá mudar em minha vida. Mais lágrimas se formam em meus olhos, dificultando ainda mais a minha leitura. Penso em Joseph. Eu não contara para ele sobre minhas desconfianças. Ele, como bom distraído que é, nem desconfia que minha menstruação está atrasada. Tento imaginar sua reação, falho.
— Seja forte. — Sussurro para mim mesma. Eu sou minha única amiga agora. Só eu posso fazer isso.
Termino de ler as instruções e encho o recipiente transparente com minha urina. É nojento, mas não penso nisso, estou concentrada em colocar o teste ali dentro. Olho novamente o tempo de espera: cinco minutos. Rio, irônica. Poderia ter um infarto em cinco minutos.
Olho o relógio e coloco o palito sobre a bancada da pia. Subo minha calcinha e ajeito a saia, de forma automática. Lavo minhas mãos e junto todas as partes do teste, embalagem, bula, potinho... Corro até a cozinha e pego uma sacola plástica. Olho no relógio novamente, ainda falta 4 minutos. Volto para o banheiro e coloco o que não precisarei mais dentro da sacola.
Está tudo em silêncio, e eu me incomodo. Desejo que o mundo acabe. Faço uma última oração, peço um milagre.
Dê negativo, eu suplico em silêncio.
Olho o relógio novamente e percebo que o ponteiro maior ainda não se moveu. Ouço a minha música favorita tocar ao longe. Sei que é o meu celular, mas não movo um músculo. Poderia ser um dos meus pais e eu não suportaria falar com eles. Como iria dar aquela notícia?
— Dê negativo. — Peço, tentando controlar a dor em minha garganta. — Dê negativo! — Repito, mais alto e forte.
Ouço um miado e olho para a porta do banheiro, vejo dois olhos azuis me encararem com curiosidade. Estico meu braço para ele, e assisto seu caminhar lento até mim. Sinto seu pelo macio acariciar as pontas de meus dedos. Ele mia novamente e pula sobre meu colo.
— A mamãe não quer brincar agora, Tico. — Mamãe. Sinto algo revirar meu estômago ao pensar nessa palavra.
Continuo acariciando a cabeça do meu gato enquanto meu celular recomeça a tocar. Suspiro, olhando novamente o relógio e percebo que falta menos de um minuto. Uma chama de esperança se acende em meu peito. Talvez minha menstruação atrasar três meses seja normal, afinal, ela nunca foi regulada e eu não tenho outros sintomas. Mas não me apego a isso. Apenas fecho os olhos e tento esquecer por um minuto. Começo a cantar com o celular que toca novamente. Aquela música costumava a me acalmar. Lembro quando ela lançou, minha banda preferida voltando à tona, depois de dois anos em uma pausa mascarada.
Olho novamente para o relógio, é chegada a hora. Fecho os olhos, desejo ter mais tempo para me preparar. Respiro fundo e tiro Tico do meu colo. Fico em pé, apesar de minhas pernas desejarem que eu não faça isso. Fecho os olhos e peço novamente por um milagre. Juro tomar jeito, faço inúmeras promessas. Tento me lembrar daquela possibilidade feliz enquanto dou dois passos até a pia.
Pego o teste sem olhar e respiro fundo. Meu celular toca novamente e pondero atender. Seja forte, minha mente ordena. Respiro fundo mais uma, duas, três vezes. Abro os olhos e encaro o teste, duas linhas magentas entram em meu campo de visão.
Eu sei o que significa, mas procuro pela bula novamente, sentindo minha vista embaçar. Talvez eu tenha lido errado, penso angustiada. Talvez o nervosismo esteja me confundindo.
Despejo o conteúdo da sacola plástica no chão, assustando Tico, que sai correndo. Sinto-me enjoada, o ar rarefeito. Desejo morrer. Olho as instruções e as jogo longe. Eu estava grávida e nada havia para ser feito.
Deito no chão gelado do banheiro e deixo as lágrimas lavarem o meu rosto. Fico assim enquanto penso na besteira que fiz. Eu jamais pensei que isso aconteceria comigo, sempre tomei cuidado, sempre. Menos uma vez. Uma única vez há três meses.
Pensamentos sobre meus pais invadem minha mente. Eles ficariam extremamente desapontados. Eu estou começando minha faculdade, mal decidi que área seguir e agora tenho uma vida dentro de mim. Uma vida que não é a minha, mas que deverei cuidar como se fosse. Mas eu sou apenas uma criança – de 19 anos, mas uma criança.
Percebo que já está escuro. Sei que falta pouco para meu pai chegar do trabalho. Desejo me teletransportar para outro lugar. O inferno, quem sabe. Fecho as mãos em punhos e esmurro o chão com força, até a dor se tornar insuportável, meus soluços ecoando pela casa vazia.
Pensamentos fúnebres assombram minha mente. Sinto uma pequena chama se acender quando penso em abortar.
Acordo de meus devaneios com o apito do telefone. Levanto do chão em um pulo e bato a porta do banheiro com força. Sei que terei de inventar uma boa desculpa se for um dos meus pais, mas tento não pensar nisso por hora.
Tiro minha roupa e entro no chuveiro, colocando a água no mais quente possível. Deixo que água caia sobre meu corpo, queimando minha pele, mas não me importo.
Perco a noção do tempo. Termino de me levar rapidamente e me enrolo na toalha. Saio com pressa e piso em algo, que quebra e espeta meu pé. Olho para baixo e vejo o pote do teste, só então lembrando de que deixei tudo espalhado no chão. Junto tudo na sacola plástica novamente, incluindo agora o palito do teste, amarro firme e coloco no lixo. Questiono-me se devo deixá-lo ali, mas me vejo sem escolha.
Saio do banheiro e vou até meu guarda roupa. Pego a primeira combinação de roupas que encontro e as visto, sem prestar muita atenção. Minha cabeça está longe. Saber não é suficiente, eu precisava dar a notícia a Joe e meus pais. Não sei do que sinto mais medo.
Sento-me na cama e olho para meu celular, adormecido sobre o criado mudo. Tento segurá-lo em minhas mãos e digitar sem pensar muito nisso, minha visão embaçando novamente. Encaro a minha mensagem e percebo que está errada. Não posso mandar uma notícia dessas por um simples sms. Preciso ligar para ele.
Antes de ligar, verifico de quem são as chamadas perdidas: Joseph. Um suspiro de alívio escapa dos meus lábios e me permito até um pequeno e rápido sorriso. Sem pensar duas vezes, aperto chamar.
— Olá, raio de sol. Estava dormindo? — Ele pergunta ao atender, apenas dois toques depois. Percebo que está animado e pondero desistir.
— Joe... — Tento, mas não consigo falar. Meus olhos transbordam e uma mão invisível aperta meu coração.
— Demetria, está tudo bem? — Ele pergunta, mudando totalmente sua voz. Preocupado desta vez.
— Você pode me buscar aqui? — Sussurro. Minha garganta arranha e o choro tira meu fôlego.
— Claro! Eu já estou saindo. — Ele diz, sei que não está mentindo quando escuto o barulho de suas chaves.
— Venha rápido, por favor. — Eu peço para o telefone mudo.
Desligo o aparelho e o escondo sob meu travesseiro. Passo a mão por meus cabelos, lembrando que não os penteei, mas novamente não me importo. O quarto já está tomado pela escuridão, por isso tenho dificuldades de encontrar minha carteira dentro de minha bolsa, então apenas retiro o livro que havia nela e a coloco sobre o ombro.
Desço as escadas com pressa, quase tropeçando em Tico, que dorme sossegado em um dos degraus, e corro até a enorme porta de madeira. Pego minhas chaves sobre o balcão ao lado da mesma, antes de puxá-la com força. Fecho-a com um estrondo oco e giro a chave na fechadura. Verifico o relógio quando sinto o vento frio bater em minha pele descoberta pela regata que usava. Penso em pegar um casaco, mas desisto ao ver um carro passar. Penso que é meu pai, mas não é.
Abraço meu corpo e caminho até o final do gramado. O vento frio machuca a minha pele e sinto meus dedos congelarem. Tenho medo de encontrar meus pais, então caminho lentamente até o final da rua. Sei que Joe irá demorar uma hora, então me sento na calçada e abraço minhas pernas, tentando mantê-las aquecidas. Meus olhos ardem por causa do choro, as pálpebras estão pesadas.
You're just a small bump unborn,
Você é apenas uma pequena saliência, ainda não nasceu,
In four months you're brought to life.
Em quatro meses será trazido à vida.
You might be left with my hair,
Você pode ter o meu cabelo,
But you'll have your mother's eyes.
Mas seus olhos serão os de sua mãe.
Ouço meu nome e abro os olhos. O mustang preto de meu namorado está parado do outro lado da rua. Joe sai do mesmo e corre até mim, me puxando para um abraço aquecido.
— Você está congelando. — Preocupa-se e eu me encolho em seus braços.
Ele beija o topo de minha cabeça e eu lembro o motivo de tê-lo chamado. Solto-me de seus braços e corro até o carro, dou a volta e abro a porta do passageiro, sem esperar por ele. Coloco o cinto enquanto ele se acomoda no banco do motorista e me encara, as sobrancelhas arqueadas.
— Apenas me leve daqui. — Peço, sem olhá-lo.
Ele entende e logo arranca com o carro. Apoio a cabeça no vidro da porta e fecho os olhos, tentando conter as lágrimas, em vão.
Sinto sua mão pousar sobre minha coxa, seu polegar acariciando minha pele descoberta. Desejo que ele brigue comigo. Desejo que ele comece a gritar e pedir que eu desembuche de uma vez. Mas sei que não fará isso. Ele irá esperar eu estar pronta para falar e, até que isso aconteça, ficará próximo apenas o suficiente. Não falará nada, mas me abraçará se eu quiser. Sempre o amei por isso, mas agora queria que ele me odiasse.
O carro está aquecido e sinto meus músculos relaxarem. O caminho de volta à Cambridge é longo, então tento pensar na melhor forma de falar com ele. Decido esperar chegarmos ao alojamento, sei o quanto ele odeia trânsito e pegaríamos bastante. Não quero que fique mais aborrecido.
Chegamos ao alojamento da Universidade e eu desço do carro em silêncio. Ele me guia calmamente por entre os demais alunos, até chegarmos ao seu quarto. Sento-me em sua cama e ele se senta ao meu lado. Concentro-me nas rachaduras na pintura de seu quarto, e então nos cadernos esparramados sobre a mesa. Analiso pela milésima vez os pôsteres nas paredes.
— Eu tenho que contar uma coisa. — Falo baixo, com a voz rouca por causa do choro.
— Pode contar. — Diz, percebo que sussurra. Ele acaricia meu cabelo, tentando domar algumas mechas rebeldes, e aproxima seu rosto de mim. Sinto sua respiração quente bater em meu ombro.
— Lembra aquela vez que transamos sem camisinha? — Pergunto baixo, e percebo que ele segura a respiração.
— Sim... — Ele responde depois de algum tempo. Sei que já sabe o que estar por vir.
— Eu fiz o teste hoje. — Simplesmente falo. Prendo minha respiração também e fecho os olhos com força. Espero um grito. Desejo um grito.
Mas ele apenas levanta e caminha até a janela fechada. Sinto o choro recomeçar e me sinto a pior pessoa do mundo. Desejo sumir. Como eu me atrevia a vir até aqui e destruir todos os seus sonhos? Como eu pude deixar que isso acontecesse?
Dobro minhas pernas para cima da cama e as abraço, apoiando minha cabeça sobre meus joelhos. Choro mais uma vez. Eu sempre quis ser mãe, sempre. Mas toda vez que imaginava isso, não era aos dezenove anos. Com certeza não.
Sinto suas mãos puxarem as minhas e levanto a cabeça. Encaro seus olhos pela primeira vez na noite. Percebo que estão avermelhados, mas ele sorri. Fraco, mas sorri.
— Eu estou aqui, está bem? — Ele diz, acariciando minhas mãos. — Você não está sozinha. Nós vamos contornar isso. — Ele afirma.
— Eu não... — Começo, mas não consigo. Ele me odiaria. Continuo encarando seus olhos, até que ele pisca lentamente e olha para baixo.
— Você não está pensando em tirar, está? — Pergunta sem me encarar.
— Não. — Minto, mas ele percebe, pois aperta minha mão. — Eu só pensei que seria mais fácil. — Justifico, sentindo meus olhos se enxerem novamente. Ele solta minhas mãos e se levanta, passando as mãos pelos cabelos nervosamente. — Eu estou com tanto medo. — Confesso, cruzando as pernas sobre a cama e escondendo meu rosto em minhas mãos.
— Eu também estou. E como estou! — Ele fala, se sentando no chão, a minha frente. — Mas esqueça essa ideia, está bem? — Ele pede e eu me limito a menear a cabeça. — Nós vamos encontrar uma forma, mas primeiro precisamos contar para nossos pais. — Ouço-o suspirar pesadamente e percebo o quanto estou sendo egoísta.
Desço da cama e me sento em seu colo, colocando minha cabeça em seu ombro e abraçando-o fortemente. Ele nos balança para frente e para trás e sinto algumas lágrimas molharem meu ombro. Permanecemos assim por muitos minutos. Desejo conhecer seus pensamentos, pois me sinto sozinha em minha mente, me sinto perdida.
— O que você acha que vai acontecer agora? — Pergunto baixo. Não choro mais e sei que ele também não. Ele parou muito antes de mim.
— Eu não sei. — Responde simplesmente. — Gostaria de saber.
Acordo com o barulho de vozes e percebo que ainda estou no quarto de Joe. Estou em sua cama e o barulho vem de fora. Do outro lado do quarto, Stuart – o colega de quarto de Joe – ronca. Já está de dia, mas não é tarde. Procuro por Joe com o olhar e julgo que ele esteja no banheiro. Permaneço deitada enquanto espero por ele. Recordo o dia anterior, mas não tenho forças para chorar. Apenas penso.
E rezo.
Ouço a porta ser aberta e percebo que estava quase pegando no sono. Joe entra, segurando algumas sacolas e um suporte para café. Coloca suas chaves sobre a escrivaninha e só então percebe que estou acordada. Dá um meio sorriso e coloca suas compras ao lado do chaveiro, permanecendo apenas com os cafés em mãos.
— Bom dia. — Diz, e caminha até mim. — Expresso descafeinado com leite desnatado. — Ele lê no copo e faz uma careta. — Isso deve ser horrível, ainda bem que não é para mim. — Eu sorrio por um breve segundo, assistindo-o tirar outro copo do suporte. — Expresso com leite. — Ele lê, me entregando o copo em seguida. — E agora sim, o delicioso café puro. — Ele sorri pegando o seu copo e colocando o suporte com o copo de Stuart no criado mudo. — Que tal um brinde? — Ele pergunta e eu solto um riso de escárnio.
— À nossa desgraça? — Sugiro, arqueando uma sobrancelha. Ele nega com a cabeça e sorri de lado. Bate seu copo no meu em silêncio e o leva até a boca. Imito.
— Sua mãe ligou, disse que não conseguia falar com você porque seu celular estava desligado. — Ele fala com tranquilidade, enquanto se deita ao meu lado. Sua cama de solteiro é pequena demais para nós, mas eu não me importo. Solto um muxoxo desanimado. Não queria que meus pais dessem por minha falta, mas não sei como isso poderia ser possível. É óbvio que eles notariam que a sua única filha não está em casa. — Eu disse que você precisava de ajuda com algumas coisas da faculdade e ficou tão cansada que dormiu aqui. — Ele completa, finalmente.
Balanço a cabeça e bebo mais um pouco do meu café com leite.
— Como está se sentindo? — Pergunta, colocando seu copo, agora vazio, de lado e deitando na cama mais confortavelmente.
— Péssima. — respondo e coloco meu copo ao lado do dele. — E você?
— Não sei. — Responde. — Eu estava pensando em algumas coisas. — Diz e eu espero que continue. — Você disse que está com três meses, certo? — Ele pergunta e eu concordo. — Você acha que pode frequentar a faculdade até quando? Começo do oitavo mês? — Pergunta novamente e eu repito o gesto. — O que acontecerá em cinco meses, exatamente no começo de julho, em nossas férias de verão. E então você terá o bebê no final de agosto. Acha que em um mês consegue se recuperar, para voltar às aulas em outubro? — Eu faço que sim com a cabeça, mas não penso sobre o que disse. Não consigo pensar em coisas assim. — Com o dinheiro do estágio eu dou conta de pagar as despesas. Vou ficar um pouco apertado, mas posso usar um pouco das minhas economias. E no verão posso conseguir um emprego temporário – com certeza alguém irá me contratar, já que estarei quase me formando – e então guardar mais dinheiro. Eu posso ficar na casa do meu primo, em Londres. Poderei ver você todos os dias. Serão nossas primeiras férias juntos.
Desejo poder ser tão positiva e pensar tão claramente como ele. Eu sei há mais tempo do que ele, e ainda não saí do estágio de autopiedade e sofrimento. Já ele, aparenta ter passado por estes estágios e mais o de aceitação. Agora está em resolução. Agradeço por tê-lo ao meu lado. Fico feliz de ter aceitado o convite dele para tomar um café, pouco mais de um ano atrás, pouco depois de entrar em Cambridge. Em pensar que eu queria ir para Oxford e só vim para cá porque meus pais pediram.
Esse pensamento me faz sorrir levemente e Joe percebe.
— O que está passando por essa cabecinha? — Ele pergunta sorrindo.
— Como vamos dar a notícia aos meus pais? — Pergunto, ignorando sua pergunta.
— Da única forma que há. Vamos lá hoje e conversamos com eles. — Ele diz, seguro de si. Concordo, mas desejo que houvesse outra forma. — Não fique assim, tudo dará certo.
I'll hold your body in my hands,
Vou segurar seu corpo em minhas mãos,
Be as gentle as I can.
Serei o mais gentil que puder.
But for now you're a scan of my unmade plans.
Mas, por enquanto, você é uma imagem do que eu não planejei.
A small bump in four months
Uma pequena saliência, em quatro meses,
You're brought to life.
Você será trazido à vida.
Abraço Joe com toda minha força. Não consigo mais controlar minhas lágrimas. Escuto minha mãe gritar, mas não consigo prestar atenção. Quero sumir. Desejo que isso seja apenas um pesadelo, para que eu possa acordar e ver tudo resolvido. Mas sei que não é quando sinto as mãos de minha mãe puxarem meus ombros.
— Você tem noção do tamanho disso? — Ela grita, me olhando de frente. — Você tem apenas dezenove anos, Demetria! — Abaixo os olhos. Eu já sei disso. — E vinte e dois anos! — Ela diz, referindo-se a Joe. — Vocês são tão jovens! Joseph, eu não consigo acreditar. — Ela se volta para Joe e eu escondo meu rosto com as mãos. Sinto muita vergonha. — Eu sempre achei que você fosse mais responsável do que isso. Achei que ao ficar com você, a Demetria tivesse finalmente colocado algo nessa cabeça cheia de vento! Como puderam deixar que isso acontecesse? Vocês têm noção de tudo o que irá mudar de agora em diante?
— Demetria, vá para o seu quarto. — Ouço meu pai e não penso antes de cumprir sua ordem. Subo as escadas rapidamente e não olho para trás.
Do meu quarto, ainda ouço os gritos da minha mãe. Sei que meu pai também fala, mas não consigo ouvir nada. Muito menos o que Joe diz. Eu estou tão ferrada!
Sento-me sobre a cama e abraço minhas pernas. Como se sentisse a tensão no quarto, Tico sobe na cama e se deita ao meu lado, me encarando com seus olhinhos azuis. Ele não mia, nem pede carinho, apenas permanece ali, me encarando.
Percebo que os gritos cessaram. Levanto-me da cama e caminho lentamente até o banheiro, parando em frente ao espelho. Jogo bastante água sobre meu rosto e respiro fundo, tentando engolir o choro. Metade do problema está resolvido. Falta agora contar aos pais do Joe. Eu nem os conheço ainda.
I'll whisper quietly,
Vou sussurrar calmamente,
I'll give you nothing but truth.
Não lhe direi nada além da verdade.
If you're not inside me, I'll put my future in you.
Se você não está dentro de mim, colocarei meu futuro em você.
Olho meu reflexo no espelho. De perfil, dá para perceber uma pequena saliência em minha barriga, bem pequena. Ouço minha mãe me chamar no andar debaixo e abaixo a blusa. Pego minha bolsa e desço correndo, encontrando minha mãe na cozinha. Ela ainda está magoada, mas voltou a falar comigo dois dias depois de saber. Meu pai demorou um pouco mais, duas semanas.
Felizmente, os pais de Joe reagiram de uma forma bem diferente. O pai dele ficou bastante desapontado, mas gostou de saber que o Joe iria assumir a criança e já estava pensando em como daria conta de tudo. A mãe dele ficou tão feliz que nem pareceu se lembrar de que Joe ainda tinha apenas vinte e dois anos e eu, dezenove. Foi quando ela conversou com minha mãe, que ela resolveu voltar a falar comigo.
— Vamos? — Minha mãe pergunta e eu concordo. Acompanho-a até o carro em silêncio e assim permaneço até chegarmos ao consultório.
Sinto um arrepio percorrer minha espinha assim que entro na sala de espera. O cheiro doce que preenche o ar me deixa enjoada. Está ficando muito habitual sentir esses enjoos e sei que é normal. Sento ao lado de minha mãe no sofá creme e passo os olhos pelo ambiente, ao qual começava a me habituar. O cômodo é todo claro, com exceção dos vasos das plantas e do mármore da mesa da recepcionista. Tão claro que me incomoda.
— Obrigada por me acompanhar. — Digo para minha mãe. É o terceiro exame que faço, mas o primeiro ultrassom. Joe está em aula e por isso não pode vir, mas vou pedir para gravarem, e assistirei com ele depois.
— De nada, minha filha. — Ela sorri e sei que está sendo sincera. Abraço-a e apoio minha cabeça sobre seu ombro.
Sou chamada para a sala de ultrassom. Levanto um pouco nervosa e caminho até a sala, minha mãe ao meu lado. Entramos e a médica me dá as instruções. Eu deito na maca, subo minha blusa e abro o botão da minha calça, deixando minha barriga totalmente descoberta. Sinto um arrepio quando ela aplica o gel frio em minha pele.
Ouvimos uma batida na porta e a médica pede que entre. Sorrio ao ver Joe entrar, todo envergonhado, pela porta. Ele fica ao lado de minha mãe e segura a minha mão. A médica liga o monitor e coloca o aparelho sobre minha barriga.
Começamos a ouvir um som do monitor, o que a médica explica serem os batimentos cardíacos do bebê. Sinto minha vista embaçar e aperto a mão de Joe. Olho para ele e sorrio ao vê-lo sorrir tão verdadeiramente olhando para o monitor. Ele é aparentemente perfeito, nos informa a médica. Eu luto com o nó que se forma em minha garganta.
— Vocês querem saber o sexo? — A médica pergunta, mexendo o aparelho sobre minha barriga para nos mostrar vários ângulos.
— Não. — Respondo e olho para Joe. Ele concorda comigo, ainda embasbacado pela imagem no monitor.
Sinto minha mãe passar a mão em meus cabelos e olho para ela. Ela chora e isso é o suficiente para eu deixar minhas lágrimas caírem também.
Logo a consulta termina. Eu me arrumo enquanto Joe pega o DVD com o vídeo do ultrassom. Despedimo-nos da médica e saímos do consultório. Joe me entrega o DVD e então se despede. Entro no carro com minha mãe e ela me conta histórias de quando estava grávida de mim. Algumas eu já conhecia, mas outras não.
You are my one and only.
Você é meu e único.
And you can wrap your fingers round my thumb and hold me tight.
Você pode pôr os dedos em volta do meu polegar e segurar firme.
Oh, you are my one and only.
Oh, você é meu e único.
You can wrap your fingers round my thumb and hold me tight.
Você pode pôr os dedos em volta do meu polegar e segurar firme.
And you'll be alright.
E você vai ficar bem.
Joe empurra a porta para mim e eu entro. Ligo quase todas as luzes da casa, detesto ficar no escuro. Subimos para meu quarto e eu deixo minha bolsa sobre a escrivaninha, tirando meu tênis em seguida, e me deito na cama. Assisto Joe abrir a última porta do meu guarda roupa e guardar lá uma sacola. É um presente de Stuart para o nosso bebê. Sorrio quando ele se deita ao meu lado e me puxa para deitar em seu peito.
— Você acha que é menina ou menino? — Pergunto baixo, acariciando minha barriga. Ela já cresceu um pouco, mas apenas o esperado para os quatro meses. Ainda não está tão perceptível.
— Eu não sei... O que você prefere? — Ele pergunta, soprando meu cabelo ao falar.
— Menino. — Respondo, mas não tenho certeza. — Ou talvez uma menininha. Vou amar de qualquer forma. — Finalizo.
Permanecemos em silêncio, os únicos movimentos são de minha mão, ao acariciar minha barriga. Sinto uma pequena pontada e sento na cama no mesmo instante, um sorriso se formando em meus lábios.
— Ele chutou! — Falo alto, entusiasmada. Essa não é primeira vez, mas das outras vezes eu não sabia o que era. — Joe, ele chutou! — Repito ao vê-lo se sentar a minha frente.
— Eu quero sentir, será que ele faz de novo? — Pergunta, colocando as mãos carinhosamente em minha barriga. — Ei, pequenino, é o papai aqui. — Diz, com uma voz melodiosa. Seu sorriso é enorme e sei que é um reflexo do meu.
Questiono-me como pude pensar em não ter essa criança. Mas sei que nunca foi a sério. Sinto-o chutar novamente e o sorriso de Joe aumenta, assim como o eu.
— Você sabe que será muito amado, não sabe? — Joe fala e eu sinto meus olhos ficarem molhados. — Ei, você está chorando? — Pergunta para mim, tirando a mão direita de minha barriga e a colocando em meu rosto. Sorrio.
— Não é nada. — Respondo e fecho os olhos, deixando que as lágrimas escorram. — Eu estou tão feliz.
— Eu também estou, Demi, muito, muito feliz. — Diz, encostando sua testa na minha. — Nós seremos muito felizes. Eu, você e o nosso bebê. — Sussurra e então me beija. O beijo é apaixonado e carinhoso. Eu só consigo pensar em como tenho sorte de tê-lo ao meu lado.
— Amo você. — Falo baixo, como um segredo.
— Eu amo você, Demi.
You're just a small bump unknown,
Você é apenas uma pequena saliência desconhecida,
You'll grow into your skin,
Você vai crescer em sua pele.
With a smile like hers and a dimple beneath your chin.
Com um sorriso como o dela e uma covinha debaixo do queixo.
Finger nails the size of a half grain of rice,
Unhas dos dedos do tamanho de meio grão de arroz
And eyelids closed to be soon opened wide.
E as pálpebras fechadas que logo se abrirão.
A small bump, in four months you'll open your eyes.
Uma pequena saliência, em quatro meses você abrirá seus olhos.
— Obrigada. — Digo enquanto assino os papéis. Os dois rapazes saem do cômodo e minha mãe os acompanha até a porta.
Caminho até o berço de madeira branca e passo a mão por todo seu comprimento. Tento memorizar cada detalhe e imagino meu bebê ali dentro. Sinto Joe me abraçar por trás, quando as primeiras lágrimas se formam em meus olhos. Agora é assim, choro sempre e por qualquer coisa. Dizem que são os hormônios.
Viro-me e encaro o restante do cômodo. Não há nada ali a não ser o berço – presente dos pais de Joe. Na semana anterior, Joe colocou um papel de parede amarelo claro, substituindo o antigo e desgastado papel azul. Fico feliz por meus pais não se importarem em eu usar o quarto ao lado do meu para o bebê. Era o quarto onde minha mãe guardava algumas coisas de artesanato, mas ela não o utilizava havia anos. O piso de madeira possui manchas de diversas cores de tinta, mas eu o cobri com um carpete felpudo e macio, cinza bem claro.
— Está feliz? — Joe pergunta e me preparo para responder, mas percebo que fala com minha barriga. — Esse aqui é o seu quarto e essa é a sua caminha. — Ele aponta, como se o bebê pudesse ver.
Mas mesmo que não possa ver, ele pode responder e é o que faz quando chuta de leve minha barriga, fazendo Joseph sorrir ainda mais.
— Acho que foi um sim. — Comento e ele me olha sorrindo. Abre a boca para dizer algo, mas é interrompido por meu pai, que bate na porta.
— Posso entrar? — Ele pergunta e eu confirmo. — Aqui ficou muito bonito. Vocês fizeram um ótimo trabalho. — Diz, observando as paredes e o berço. — Posso ficar a sós com a Demi um pouco,Joe? — Pede e meu namorado concorda, beija a minha testa e sai do quarto. — Como está se sentindo? — Ele pergunta, segurando minhas mãos.
— Estou bem, pai. — Respondo e sinto meus olhos marejarem novamente. Malditos hormônios.
— Demi, eu sei que não tenho dado muito apoio a você, não tanto quanto você precisa. — Faço menção de interrompê-lo, mas ele não permite. — Quanto eu gostaria de apoiar. — Completa e eu sorrio. — Você já está com quantas semanas? — Pergunta, acariciando minha barriga.
— Dezenove semanas. Mais duas semanas e completo cinco meses. — Respondo calmamente.
— Sua mãe disse que não quiseram saber o sexo. Você sabia que fizemos o mesmo com você? — Pergunta e eu confirmo. — Eu te amo, filha. — Diz, me puxando para um abraço.
— Eu também, pai. Eu também.
And I'll hold you tightly and tell you nothing but truth,
Vou segurar você firme e não lhe direi nada além da verdade,
If you're not inside me, I'll put my future in you.
Se você não está dentro de mim, colocarei meu futuro em você.
— Essa não, Demetria! — Minha mãe briga, arrancando a travessa de vidro das minhas mãos. Devolve para o armário e pega outra. — Era essa. — Fala. Eu não questiono, apesar de não ver diferença entre as duas.
Ouço a campainha tocar e sinto náuseas. Sei que tenho que atender, mas não quero me mover. Finalmente irei conhecer os pais de Joseph.
— Vai lá, Demi. — Minha mãe diz e me empurra de leve pelo ombro. Suspiro e caminho lentamente até a porta. Puxo a porta com força e abro um sorriso.
— Oi. — Digo e Joe me abraça.
Convido seus pais para entrar e nos sentamos na sala. Vejo como Joe é parecido com os dois. Logo minha mãe vem até a sala, acompanhada de meu pai. Todos são apresentados e ficamos conversando enquanto o assado não fica pronto.
O jantar é agradável e eles demoram a ir embora. Passarão a noite no hotel, e pela manhã voltarão à Framlingham.
You are my one and only.
Você é meu e único.
And you can wrap your fingers round my thumb and hold me tight,
Você pode pôr os dedos em volta do meu polegar e segurar firme,
And you'll be alright.
E você vai ficar bem.
— Bom dia, raio de sol. — Ouço Joe falar enquanto acaricia meus cabelos. Resmungo, não quero acordar. — Você precisa levantar, Demi. — Sinto cheiro de café e isso me deixa enjoada. Sinto tanta raiva por não tomar café há mais de um mês por causa da gravidez.
— Não quero ir, deita aqui mais um pouquinho. — Peço, me ajeitando na cama. Ele suspira, mas faz o que peço. — Eu tive um sonho esquisito. — Faço uma careta e balanço a cabeça para espantar as imagens. — Como você acha que será o nosso bebê? — Pergunto e ele sorri.
— Ele será bem pequenininho. Terá o seu sorriso e os seus olhos, mas terá o meu cabelo. — Responde prontamente, como se já tivesse pensado nisso antes.
— Gosto disso. — Falo e fecho os olhos. — Eu vou trancar a faculdade no próximo semestre. — Digo e ele se mexe desconfortável ao meu lado. — Não tem como eu deixá-lo em casa o dia inteiro enquanto estou na universidade. Não logo nos primeiros meses. E não posso levar um bebê para assistir aulas.
— Você tem razão. — Ele diz e acaricia minha bochecha. — Já falou com seus pais? — Pergunta e eu nego.
— Queria falar com você primeiro. — Dou de ombros. Respiro fundo e levanto da cama. Olho minha barriga de perfil no espelho. Já estou com vinte semanas, mas ela ainda é pequena. Escondo com facilidade sob uma camiseta mais larga, poucas pessoas sabem da minha gravidez.
You can lie with me, with your tiny feet.
Você pode deitar comigo, com seus pezinhos.
When you're half asleep, I'll leave you be
,Enquanto você estiver quase dormindo, vou deixar que fique,
Right in front of me for a couple weeks
,Bem na minha frente por algumas semanas,
So I can keep you safe.
Para que eu possa manter você seguro.
Apoio minha cabeça sobre as mãos. Não me sinto bem e a aula está muito chata. Faço alguns desenhos no caderno para me distrair. Verifico o relógio e percebo que falta pouco para o final da aula. Junto meu material em silêncio e aguardo. A professora libera a turma e eu espero que a maioria saia, então tento levantar, mas sinto dor. Solto um gemido.
— Demi, está tudo bem? — Candice, minha melhor amiga, pergunta. Nego e coloco a mão sobre minha barriga, a dor aumentando progressivamente. Fecho os olhos com força e tento conter as lágrimas. — Vem, eu vou ajudar você. — Ela fala, entregando meu material para Tina. Apoio meu braço em seus ombros em fico em pé, a dor aumenta.
— Demi, você está sangrando. — Tina solta um gritinho e eu tento controlar a vontade de chorar. — Eu vou ligar para o Joe, vamos para o hospital. — Ela completa rapidamente, pegando meu celular.
Ando com Candice até as cadeiras da frente, mas não tenho mais forças. Ela tenta me acalmar e eu tento acreditar nela, mas a dor é tão forte que é impossível não sentir medo. Desejo que nada aconteça com meu bebê. Desejo que não tivesse sido tão má quando descobri a sua existência.
Minutos depois Joe chega, está ofegante. Ele me abraça e diz que tudo ficará bem. Mas não acredito, não dessa vez. Diz que a ambulância já está a caminho e que já avisou meus pais. Eu só consigo chorar. Ele sabe que há algo errado, nós dois sabemos. Mais uma pontada de dor, fecho os olhos.
'Cause you are my one and only.
Você é meu e único.
You can wrap your fingers round my thumb and hold me tight.
Você pode pôr os dedos em volta do meu polegar e segurar firme,
You are my one and only.
Oh, você é meu e único.
You can wrap your fingers round my thumb and hold me tight.
Você pode pôr os dedos em volta do meu polegar e segurar firme,
And you'll be alright.
E você vai ficar bem.
Abro os olhos com dificuldade, não estou mais na universidade. Estou deitada em uma cama no centro de um quarto azul claro. Percebo que estou no hospital e meu impulso é chamar a enfermeira, mas alguém segura minha mão. Olho para o lado e percebo que é minha mãe. Ela sorri fraco ao me ver acordada e acaricia meus cabelos.
— Vou avisar ao Joe que acordou. — Ela diz e saí do quarto, me deixando sozinha.
Pisco os olhos lentamente e levo as mãos à minha barriga. Não sinto mais dor, mas não sei se é efeito dos remédios, os mesmos que me deixam meio grogue. Sinto minha cabeça pesar.
A porta branca é aberta e Joe entra por ela acompanhado do médico. Ele caminha até mim e se apoia em minha cama, sem me olhar.
— Demetria, como se sente? — O médico pergunta.
— Bem... eu acho. O que aconteceu? — Pergunto. Joe segura minha mão entre as suas e eu sei que não irei gostar da resposta. Sinto meus olhos se encherem.
— Você teve um aborto espontâneo, Demetria. Eu sinto muito.
— Como assim? — Pergunto sem entender. — O que eu fiz? — As primeiras lágrimas já escorrem.
— Você não fez nada. — Ele responde, o tom delicado e baixo. — Essas coisas acontecem com frequência, talvez seu bebê estivesse com algum problema, nós não temos como saber.
Eu não respondo. Talvez eu não tenha tomado todos os cuidados direito. Talvez eu devesse ter ido mais ao médico. Ou deixado de enfrentar o trem todos os dias. Talvez seja um castigo, por ter desejado tirá-lo. Talvez não, só pode ser um castigo.
Joe me abraça e eu deixo as lágrimas caírem. Desejo ter meu bebê de volta. Eu quero o meu bebê de volta. Isso é tão injusto.
Eu sonhei com o dia em que estaria no hospital e poderia segurá-lo em meus braços. Suas mãozinhas tão pequenas que caberiam dentro das minhas. Seus olhinhos pequenos, ainda fechados, prontos para conhecer um mundo inteiro. Eu iria amamentá-lo e abraçá-lo, sempre deixando-o aquecido e protegido. Eu jamais deixaria algo de ruim acontecer com ele. Jamais. Eu o colocaria para dormir na minha cama nos primeiros dias em casa e ficaria ao seu lado, apenas cuidando de seus sonhos, admirando meu pequenino enquanto ele respirava calmamente. Eu o levaria para passear todos os dias. Quando estivesse maior, deixaria que brincasse no gramado. Eu daria tudo de mim para ser a melhor mãe possível.
Mas isso seria apenas um sonho.
You were just a small bump unborn.
Você era só uma pequena saliência que não tinha nascido.
For four months then torn from life.
Quatro meses, e então, desprovido da vida.
Maybe you were needed up there.
Talvez precisassem de você lá em cima
But we're still unaware as why.
Mas ainda não sabemos por quê.
Fim
Oi, oizinho, oizãooooooooooo! jdaofs sos cade meu remedio? Até que enfim uma fic descente ERGUEI AS MÃOS E DAI GLORIA A DEUSSSSSSSSSSS!
Repito: CADE O MEU REMÉDIO?
Gente, eu juro q dei uma choradinha no final, jurava q ia ter um final feliz blehhhhh.
Parei, enfim, agora é de verdade eu vou postar pelo o menos duas shorts por semana ~dançando daçando dan dan dan dançando~ e só p especificar essa fic não NÃO n.ã.o é minha ela é de um site q eu achei e a autora se chama Lúcia Delphino, então créditos a ela.
Queridasssssss vcs tem twitter? me passem suas gatas jfsuhds ou me sigam lá no @jonatown q vou receber vcs de braços abertos ♥
E por último, tentem divulgar o blog? pfvrrrrr, eu tb vou estar divulgando e tals hua.
beijinhosssssssssssss ♥